Barato, o dispositivo poderá ser usado para monitorar a resposta da população às vacinas
Redação Publicado em 21/01/2021, às 13h58
Pesquisadores desenvolvem um teste capaz de detectar anticorpos contra o novo coronavírus em apenas 10 minutos – a um custo até cinco vezes menor que a média de mercado.
O dispositivo, feito pelo do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) e pela startup Biolinker, funciona de maneira semelhante aos testes rápidos já vendidos nas farmácias.
Ao analisar uma gota de sangue do usuário, identifica a presença de anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG), produzidos ainda na fase aguda da doença (em média dez dias após o início dos sintomas). Quando isso acontece, duas bolinhas avermelhadas aparecem no leitor. Quanto mais anticorpos, mais vermelho é o tom das bolinhas.
Segundo os coordenadores do estudo, a tecnologia poderá ser facilmente adaptada para as novas variantes virais, se necessário. E poderá ser usado para monitorar a resposta da população às vacinas. “Sabemos que nem todo mundo desenvolve imunidade protetora após se vacinar e também que o nível de anticorpos diminui com o tempo”, afirmou o professor da IQSC-USP Frank Crespilho, em reportagem da Agência Fapesp.
O pesquisador acredita que o “Teste Popular de Covid-19”, como foi batizado o dispositivo, poderá ser vendido por cerca de R$ 30 assim que o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) for obtido. O preço médio dos similares de mercado está em torno de R$ 140.
Para baratear a produção, os pesquisadores otimizaram a quantidade de insumos utilizados e desenvolveram uma tecnologia baseada em nanopartículas que facilita a identificação dos anticorpos.
“Todos os insumos usados no dispositivo são produzidos no Brasil, o que contribui para reduzir o custo. Trabalhamos em turno dobrado para finalizar o trabalho em apenas quatro meses”, comentou, ainda, Crespilho.
O objetivo, segundo ele, foi ampliar a testagem no país, tornando-a mais acessível às populações de baixa renda.
Os testes de eficácia, que revelarão a porcentagem de acerto do método desenvolvido no IQSC-USP, ainda estão sendo concluídos. Atualmente, a equipe também trabalha para escalar a produção, para que possam ser feitos os ensaios de validação da metodologia por outros grupos de pesquisa.
A ideia é produzir cerca de 500 unidades, que serão testadas em amostras de pacientes atendidos na Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Também há negociações sendo feitas com grupos do Nordeste do país.
Finalizada essa etapa de validação, que ao todo deve levar cerca de um mês, os pesquisadores poderão pedir o registro na Anvisa.
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