Redação Publicado em 05/04/2021, às 09h54
Já se sabe que a Covid-19 tem inúmeros sintomas, como falta de ar, tosse seca, febre e cansaço. Contudo, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a doença também pode se manifestar na pele!
De acordo com a assessora do Departamento de Dermatologia e Medicina Interna da SBD, Camila Arai Seque, diversas pesquisas estão sendo feitas ao redor do mundo para investigar a relação dermatológica com a Covid-19. Por isso, ainda não há, por exemplo, um consenso sobre o surgimento dos casos.
Camila explica que, por enquanto, o que se sabe é que os sintomas mais prevalentes são erupção maculopapular, urticária, erupção vesicular e alterações vasculares. “Atualmente, o objetivo dos pesquisadores é elucidar se essas manifestações estão diretamente relacionadas à atuação do vírus na pele ou se elas são apenas um reflexo de repercussões sistêmicas", conta.
A assessora também alerta que a gravidade dos sintomas depende, de modo geral, da gravidade da doença. Logo, se o paciente está com um quadro leve de Covid-19, terá repercussões cutâneas leves. Da mesma forma, caso precise de cuidados mais intensos, como internação e UTI, as chances de ter sinais mais graves são maiores.
Na maioria das vezes, os sintomas tendem a desaparecer com a melhora do paciente. No entanto, há relatos – menos comuns – de manifestações que perduram por longo período, como o pseudoeritema pérnio, também conhecido como dedos de covid.
"Nesses casos surgem manchas arroxeadas nas extremidades das mãos e pés. Ainda não há respostas definitivas sobre o porquê dessas lesões perdurarem. As hipóteses atuais indicam justamente uma reação imunológica ao vírus, mas ainda há dúvidas e os debates estão sendo travados no campo científico. De toda forma, se compararmos com os relatos da Europa, no Brasil foram descritos poucos casos desse tipo", explica a assessora.
Porém, é importante destacar que as manifestações dermatológicas parecem ser raras em comparação a outros sintomas da Covid-19. Na literatura médica, a frequência é discutível, com variações que vão de 45% a 0,2%. Além disso, quando verificadas, elas são inespecíficas em sua apresentação. Dessa maneira, sem a avaliação por um especialista, é complicado para a população reconhecer e utilizar esses sinais da pele como marcador de suspeita para covid-19.
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Segundo Camila Arai Seque, no contexto atual, em que a pandemia está em franca expansão, o surgimento de manchas ou outras mudanças na pele deve ser valorizado, especialmente quando houver contato próximo com algum infectado ou se for uma manifestação exuberante e atípica. Sobre as alterações da pele como único sintoma da Covid-19, ainda é cedo para afirmar sua real frequência, qual tipo de lesão geram e se devemos ou não testar esses pacientes. "Somente no futuro, conforme avançarem as pesquisas, é que esses sinais poderão auxiliar os médicos, como critérios diagnósticos para a Covid-19".