Especialista explica que existem indicações específicas para cada tipo de produto
Hugo Roberto Lewgoy Publicado em 17/08/2022, às 12h00
Quando falamos em cremes dentais e enxaguatórios orais, um ponto importante a ser esclarecido é que os produtos não são todos iguais. Eles sempre devem ser indicados por um cirurgião-dentista, baseado nas características dos produtos e de acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Da mesma forma é fundamental explicar os motivos pelos quais precisamos das escovas dentais, bem como dos cremes dentais e, em alguns casos, dos enxaguatórios orais.
Todas as vezes que as pessoas se alimentam sobram resíduos alimentares sobre os dentes e, com o passar do tempo, as bactérias que normalmente habitam a nossa boca começam a se depositar sobre esses resíduos alimentares (principalmente se for açúcar) e formam a chamada placa bacteriana ou biofilme oral.
A escova dental é fundamental para a prevenção das cáries (que ocorrem diretamente nos dentes) e doenças gengivais (que ocorrem nos tecidos de sustentação dos dentes). A escova é a principal responsável pela desorganização mecânica desse biofilme oral, porém, os cremes dentais também desempenham um papel importante, pois trazem para a nossa boca formulações e componentes ativos que facilitam a desorganização da placa bacteriana, promovem a remoção de manchas do esmalte dental, fortalecem os dentes contra a desmineralização e fornecem a sensação agradável de hálito puro, o que é muito motivacional.
Além de componentes que atuam de diferentes formas nos dentes, como agentes dessensibilizantes, detergentes, antissépticos, substâncias enzimáticas que auxiliam naturalmente a saliva na defesa contra as bactérias da boca e, consequentemente, contra as cáries e as doenças gengivais, há componentes que podem atuar na manutenção do clareamento dental, e o flúor, que atua diretamente na prevenção da cárie dental.
A presença de fluoretos nos cremes dentais é a forma mais fácil para a fortificação dos dentes e prevenção das cáries. Embora tenhamos a fluoretação da água do abastecimento, mesmo assim a forma mais acessível é via creme dental, sugerindo-se pelo menos duas escovações ao dia com cremes dentais fluoretados. Cabe destacar que o flúor, por si só, não é capaz de evitar a ocorrência da cárie e o paciente deve ser alertado da importância de realizar uma higiene oral adequada por meio da escova dental com uma grande quantidade de cerdas ultramacias, escovas interdentais do tipo prime e creme dental não abrasivo.
O cirurgião-dentista é o profissional capacitado a orientar qual o melhor produto para cada paciente, além de ensinar a correta técnica de higienização oral. Em alguns casos, o cirurgião-dentista pode indicar até mesmo cremes dentais sem flúor, os chamados cremes dentais “flúor zero”, ideais para os casos de pacientes que utilizam próteses totais, conhecidas como “dentaduras”, e para os casos de protocolos totais de implantes, pois se as pessoas não têm mais os dentes naturais, não necessitam mais de cremes dentais fluoretados.
Entendemos que a tendência atual dos melhores cremes dentais disponíveis no mercado, além da baixa abrasividade, é a ausência do componente chamado de Lauril Sulfato de Sódio (SLS), que é um produto com ação detergente, o responsável pela formação da espuma e sensação de frescor residual após a escovação. Porém, além do potencial tóxico para o meio ambiente, ele é o responsável pela irritação das mucosas orais que percebemos pela ardência e queimação na boca (simula uma sensação de frescor), além de ser o principal causador de aftas.
Paralelamente, muitos trabalhos científicos têm destacado que os cremes dentais com nanopartículas de hidroxiapatita desempenham um papel importante para os pacientes com hipersensibilidade nos dentes, pois com o tempo, essa substância veda as porosidades das estruturas dentais e torna as superfícies mais lisas e uniformes. Também a substituição de agentes bactericidas sintéticos, e com potencial tóxico, por substâncias enzimáticas e que estimulam a proteção natural da própria saliva têm sido utilizadas como uma forma de prevenção das cáries e doenças gengivais.
Os enxaguatórios orais também são agentes de prevenção das doenças orais, porém é importante alertar que o seu uso contínuo não é recomendado. Já destacamos anteriormente que as escovas de dentes, as escovas interdentais e os cremes dentais são os responsáveis diretos pela higienização mecânica dos dentes. Os enxaguatórios, principalmente aqueles que associam a clorexidina aos bioflavonoides do Citrox (extraídos da casca da laranja amarga), são os mais bem indicados, pois combatem os efeitos adversos da clorexidina, como o gosto amargo e a alteração do paladar, além de ter ação antifúngica, antinflamatória e antiviral.
O cirurgião-dentista deve ser consultado para verificar se o enxaguatório é indicado como complemento e suporte químico em casos pós-cirúrgicos, terapia de suporte hospitalar, halitose, inflamações gengivais e em implantes, entre outros.
*Hugo Roberto Lewgoy é especialista, mestre e doutor pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; professor no curso de especialização em Dentística da São Leopoldo Mandic; pós-graduado em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); instrutor da filosofia individually Training Oral Prophylaxis (iTOP); consultor científico da Curaden Swiss.
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