Vários estudos vêm mostrando que tanto crianças quanto adultos aprendem mais e se lembram melhor quando escrevem à mão, em vez de digitar. Um trabalho
Da Redação Publicado em 05/10/2020, às 12h41 - Atualizado às 12h48
Vários estudos vêm mostrando que tanto crianças quanto adultos aprendem mais e se lembram melhor quando escrevem à mão, em vez de digitar. Um trabalho realizado na Noruega, e publicado esta semana, explica por que isso acontece.
Pesquisadores coordenados por Audrey van der Meer vêm investigando o assunto desde 20017, com exames que medem a atividade cerebral das pessoas durante atividades com papel e caneta ou no computador. Agora, a equipe incluiu crianças na avaliação pela primeira vez.
Enquanto teclavam ou escreviam à mão, os participantes usaram um capuz com mais de 250 eletrodos acoplados para rastrear e registrar a atividade cerebral.
Os exames revelaram que o cérebro de crianças e de adultos jovens é muito mais ativo ao escrever à mão. Isso porque muitos sentidos são ativados quando se pressiona a caneta no papel – você tem que desenhar cada letra, número e símbolo, e cada coisa gera um som e uma sensação diferente. Já no teclado, o movimento exigido é o mesmo para tudo.
Todas essas experiências sensoriais e habilidades motoras geradas pelo uso de caneta e papel demandam áreas diferentes do cérebro. Com isso, assimilação das informações, ou seja, o aprendizado, é fortalecido. Oss pesquisadores concluem que a escrita à mão fornece “mais ganchos para pendurar memórias”.
A equipe diz que seus resultados, e também os de muitos outros estudos, reforçam a importância de as crianças serem desafiadas a desenhar e escrever desde cedo, especialmente na escola. E mesmo as mais velhas poderiam se beneficiar com mais oportunidades para escrever à mão.
Na Noruega, jovens e crianças têm passado duas vezes mais tempo em computadores e smartphones do que passavam em 2010. E a autora do estudo alerta que muitas escolas naquele país, e também na Finlândia, quase já não ensinam caligrafia.
Aqui no Brasil, a mudança para a educação digital também tem acontecido mais cedo. E, com a pandemia e o ensino remoto, até crianças mais jovens abandonaram o papel e o lápis. Se depender desse estudo, é provável que o aprendizado de muitas tenha sido pior no período, e não só por causa do estresse e da mudança de rotina gerados pela Covid-19.
Van der Meer também dá uma dica importante para quem precisa ir melhor nas provas ou memorizar o que o chefe diz nas reuniões: faça anotações à mão. Dá mais trabalho, mas é por isso mesmo que a informação vai ser assimilada melhor pelo seu cérebro.
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