Redação Publicado em 14/01/2022, às 17h00
O movimento pode nos ajudar a pensar com mais criatividade. Essa visão tem mais de 2.000 anos e já é conhecida desde a Grécia antiga. No entanto, qual é a conexão entre o movimento e a cognição do ponto de vista científico? O que acontece no cérebro quando caminhamos, por exemplo? As pessoas que raramente se movem são menos criativas?
Para responder a essas perguntas, pesquisadores da Universidade de Wurzburg (Alemanha) realizaram um estudo que mostrou que não é o movimento em si que nos ajuda a pensar com mais flexibilidade, mas sim a liberdade de fazer movimentos autodeterminados.
Assim, mesmo pequenos movimentos na posição sentada podem ter os mesmos efeitos positivos no pensamento criativo. O importante é ter a liberdade de se mover sem restrições externas, de acordo com a pesquisa publicada na Psychological Research.
A criatividade, especificamente o pensamento divergente, caracterizado como a capacidade de chegar a novas ideias ou soluções para um único problema, tem se mostrado beneficiada pela caminhada sem restrições.
O objetivo da pesquisa era explorar os efeitos das restrições motoras ao pensamento divergente para diferentes estados de movimento. Além disso, avaliar ainda se piscadas espontâneas nos olhos, que estão ligadas à execução motora, também preveem um melhor desempenho.
Foram realizados três experimentos. No primeiro, a equipe utilizou o método do uso alternativo de Guilford, que propõe que a pessoa pense em quantas utilidades são possíveis para um determinado objeto, comparando o desempenho durante uma caminhada versus sentar-se, bem como analisou as taxas das piscadas dos olhos durante ambas as situações.
Confira:
Os achados revelaram que as pontuações do método de uso alternativo eram mais altas durante a caminhada do que enquanto as pessoas estavam sentadas.
Já nos experimentos dois e três, os participantes caminharam livremente ou em um caminho restrito ou sentaram-se livremente ou fixados frente a uma tela. Quando a restrição foi imposta, o efeito benéfico da caminhada foi reduzido.
É importante ressaltar ainda que a pesquisa encontrou uma correlação significativa entre a taxa de piscar os olhos e os escores de criatividade, dependendo da condição de restrição.
Os pesquisadores explicam que o mais importante quando falamos sobre pensamento criativo é que o movimento não seja suprimido ou forçado a padrões regulares. Segundo a equipe, isso acontece quando as pessoas se concentram, por exemplo, em frente a uma tela pequena, como a do celular.
O aumento do uso de telefones celulares e dispositivos similares em tempos de pandemia e com ensino à distância poderia, portanto, ter um efeito negativo sobre processos cognitivos, como a criatividade.
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