Cuckold: três praticantes falam de suas experiências com o fetiche

Na prática de cuckold, o homem se excita ouvindo a narrativa ou assistindo à parceira fazendo sexo com outro

Cármen Guaresemin Publicado em 31/07/2021, às 17h00

Muita gente não entende o fetiche: sentir prazer ao ver a mulher que ama fazer sexo com outro - Alex Mazoka

Explicando de uma forma bem simples, “cuckold” é uma prática na qual um homem obtém excitação sexual ouvindo a narrativa ou assistindo à parceira fazendo sexo com outro. É um dos fetiches mais comuns e vem crescendo cada vez mais no Brasil. Para se ter uma ideia, a frequência de busca do termo no Google teve um aumento de cerca de 800% nos últimos 15 anos. A quantidade de pornografia relacionada ao tema também é grande: só no XVideos, pesquisar por “Cuckold Brasil” aponta mais de 42 mil vídeos sobre a prática. E não podemos esquecer da “cuckquean”, a versão feminina do fetiche, menos comum, mas também presente.

Sim, você deve estar pensando que soa estranho alguém sentir prazer em ser “traído” e o que isso traria de bom para um casal. Nada melhor do que os próprios praticantes contarem um pouco da experiência e falarem por que isso os excita tanto. E, claro, a opinião de alguns profissionais que estudam a sexualidade.

A seguir, os depoimentos de praticantes de cuckold, uma mulher e dois homens, todos usando pseudônimos, sendo que um deles é o autor das imagens que ilustram a matéria (@alexmazoka).

Alex Mazoka ilustrador, artista plástico, escreve contos eróticos com esta temática, 38 anos

Pratico há dez anos e era algo mais desconhecido, agora tem se tornado uma febre. Eu escrevo contos e faço ilustrações sobre o tema. Cuckold é uma fantasia que envolve aspectos BDSM, porque envolve humilhação e dominação e reúne várias outras fantasias. Existe o que não gosta de humilhação, chamado de stag, que gosta de compartilhar a garota, escolhe o parceiro, transa com eles e domina a situação. Já o cuckold clássico é o que está fora do controle da situação, que está nas mãos da mulher.

Isso, para mim, é a grande pegada da fantasia. Ele mantém um relacionamento no qual é fiel e monogâmico, mas tem relacionamento livre, ou seja, a parceira pode sair com outros homens que ela escolhe e, às vezes, deixa o companheiro assistir."

Não deixar é como aplicar um castigo. Em alguns relacionamentos, inclusive, ela fica longos períodos sem fazer sexo com o namorado, só tendo relacionamento com os amantes. Isso faz parte da fantasia: o sofrimento do homem ter de falar que precisa transar, que precisa dela, e ela dizendo: "Agora, não. Daqui a um mês te dou uma chance".

Ao mesmo tempo, para mim, entendo que seja um modelo de poliamor, já que ele não vai ter outras parceiras. Há casais que saem junto com o ‘comedor’, o alfa.  Gostamos dessas terminologias, a ideia é brincar que o alfa é o macho superior. Ele vai ‘comer’ a mulher, enquanto o beta assiste. O comedor e o corno, nos EUA, bull e cuckold. Há casais que vão, com o amante, para o bar, cinema e tal, mas na hora da cama, é o amante que transa com a mulher.

Há quem fale em baixa autoestima. Mas, na verdade, é o contrário, uma forma de compensar uma situação de estar no controle o tempo todo. Quando criança, fiz artes marciais, por exemplo, porque gostava de ter controle sobre tudo, e ainda tenho de resistir, aguentar tudo e não depender de ninguém. Em um relacionamento, gosto de tomar à frente, de proteger a mulher, porém, quando era jovem, sentia que estava muito no controle. Quando realmente amei, notei que não estava tanto no controle assim, não estava tão ciente de que ela estava acima de qualquer suspeita em termos de fidelidade.

Eu não gostava disso, me deixava triste e ansioso. Fingia que estava tudo bem, mas morria de ciúme quando ela saia sozinha ou dormia na casa de amigos sem me avisar. Foram justamente as namoradas que tinham mais liberdade e não precisavam da minha companhia as que me tocaram mais. O dia que entendi que curtia cuckold tinha, creio, 24 anos e estava no terceiro namoro. Sonhei que assistia à minha namorada pelo buraco de uma fechadura, ela dentro do banheiro transando com um cara, e olhando para a porta sabendo que eu os observava.

Confira:

Acordei com uma tremenda ereção. Fiquei louco, e me perguntei por que acordei daquela forma, com raiva, mas excitado. Nunca tive medo de descobrir coisas em mim. Pensei: preciso entender melhor isso. Comecei a ler sobre fetiches. Falei com a namorada, expliquei o sonho, que estava com tesão, e que ela teria de transar com outro para eu assistir.

Não foi tão fácil lidar quando realmente aconteceu, foi a parte mais estranha, porque há toda a bagagem machista. O desejo e a vontade existem, mas, ao mesmo tempo, o julgamento moral que você faz de si mesmo, de permitir que sua namorada transe com outro cara e, ao mesmo tempo, continuar a amá-la. É muito difícil no começo, até por alguns anos.

Passei a aceitar completamente de uns quatro anos para cá. Foi quando passei a perceber que grande parte de tudo que se diz sobre masculinidade é uma grande paspalhice, e toda esta pose, este movimento conservador que se vê no Brasil, cheio de regras, me empapuçou de um jeito que pensei, ‘vou parar com essas neuras’. Porque uma coisa é você ter o tesão e ter dificuldade em realizar. Outra coisa é você deixar de realizar por ficar preocupado com julgamentos.

No meu último relacionamento, minha namorada teve relações com vários caras, inclusive, fomos à festa de um amigo meu em que ela dançou com vários homens, depois ela fez sexo oral no aniversariante, com todo mundo assistindo, e depois me beijou. Fazemos piadas, muitos amigos sabem que curto, só não trago para minha família. Por isso, prefiro usar o codinome.

Uma questão muito importante é ter uma conversa sobre o uso de camisinha, falo ‘seja lá o que você fizer, use preservativo, e volte saudável, não engravide e não vá presa. Sempre vou apoiar minha namorada a sair, mas ela tem de saber que, se não se cuidar, ela estará se colocando em risco, me colocando em risco e até o relacionamento em risco. Tem uma galera que gosta do risco.

Se a mulher engravidar, o casal está ciente que isso poderia acontecer. O certo é ela decidir se quer ter ou não. E o homem precisa decidir se vai assumir a paternidade ou não. Lá fora, nos EUA, eles assumem. E existe uma fantasia, que acho um pouco demais, de fazer a mulher engravidar de outro, tipo: "Sou tão beta que nem vou passar meus genes adiante. Minha mulher vai escolher qual o melhor cara". É até interessante, se você fizer um cálculo genético, ela escolher um cara que tenha uma saúde excelente, sem casos de doença na família. E o homem aceita. Mas nem considero isso uma fantasia. O importante mesmo é se preservar.

Se a mulher sabe que você curte, é muito vantajoso. Agora, na pandemia, não estou me relacionando com ninguém. Minha última namorada conheci em um bar, e já sabia algumas histórias, como, por exemplo, dela ter transado em uma mesa de bilhar, pensei "quero conhecê-la". Quando saímos contei o que fazia, mostrei alguns contos e deu certo, nunca brigamos, até dava dicas quando ela paquerava outros caras. Mas não é fácil encontrar uma que aceite. "Como assim, você não liga se eu sair com outro cara? Então, não me ama" – esta é a primeira coisa que ouço. Se não amasse nem ligaria, o interessante é quando tem um sentimento. Mas quando ela curte, é uma vantagem, uma troca.

Adriana, programadora, 28 anos

Já namorei e me envolvi casualmente algumas vezes com homens que eram cuckold. Para falar a verdade, isso é bem mais comum do que a gente imagina. Acho, inclusive, um fetiche meio previsível, se a gente considerar nosso contexto social cristão, patriarcal e monogâmico. Cuckolding é a perversão de todas as coisas que a gente glorifica: a mulher santa e pura com quem se deve casar, as performances de virilidade e masculinidade do marido, a exclusividade sexual, a fidelidade, a santidade do casamento. Acho até um pouco óbvio que isso gere uma fascinação sexual.

Enfim, eu sempre gostei de explorar minha sexualidade, realizar fetiches e fantasias, tanto meus quanto de quem eu me relacionava. Sempre achei isso muito excitante e gostoso nos relacionamentos. Além disso, nunca me identifiquei com monogamia, todos os casais de amigos que casaram se divorciaram, acho um sistema desenhado para o fracasso, para a infelicidade e isolamento de duas pessoas.

Então, a ideia de transar com outra pessoa, que não meu parceiro, nunca me pareceu muito fora desse mundo. Sim, o cuckolding pode ter um elemento de humilhação relevante. Um dos meus namorados adorava me ver sair ou me flagrar com outros, e que eu chegasse de madrugada em casa depois de transar e mandasse ele fazer sexo oral em mim. Também gostava que eu o chamasse de corno, que o humilhasse pelo tamanho do pênis (mesmo que não fosse pequeno), adorava saber que transei com caras mais dotados que ele e gostava, inclusive, que eu narrasse tudo que eu fazia enquanto a gente transava ou enquanto eu o impedia de me penetrar.

Não são todos os cuckolds que gostam da humilhação. Alguns só se excitam com a safadeza da parceira, com a liberdade, querem saber que estão com uma mulher ‘insaciável’. O último cuckold com quem saí gostava mais disso, ele não era muito fã de humilhação. Alguns deles também gostam de um nível a mais de humilhação, que é a "feminização" (sissification). Gostam de ser comandados a vestir lingerie, meia-calça, a se depilarem, usar toda sorte de vestuário e acessório femininos e, inclusive, em um último momento, serem penetrados e sexualmente usados por outros caras.

Cuckquean é a mulher que tem o mesmo fetiche de ter um parceiro infiel e insaciável. Existem outras ramificações do cuckolding, que, para mim, já começam a ser bastante problemáticas e não participo, como as “hotwifes” brancas que só se relacionam com “bulls BBC” (big black cock, grandes paus pretos). Bull é como se chama o cara que transa com uma hotwife. Dá para perceber como o racismo é o principal elemento desta fantasia.

E falando de fetiches, eu sou sádica, gosto de fazer meus parceiros sentirem dor e prazer. Então, poder exercer minha liberdade sexual, e usar isso para humilhar meu parceiro, tem um apelo relevante pra mim. A sexualidade humana é muito doida. A gente cria padrões, não é? Eu já fui um pouco assim, houve uma época em que eu não sabia desvincular o amor do sofrimento. Ia, sequencialmente, atrás de parceiros difíceis, narcisistas, egocêntricos, imaturos. Se aparecesse um cara maravilhoso, interessado por mim, carinhoso, eu sumia. Não sabia lidar, eu não sabia ser amada mesmo. Foi um progresso muito louco me desvencilhar dessas ideias.

Jorge, publicitário, 35 anos

Não sou monogâmico e comecei um relacionamento aberto há oito anos. Saíamos com outras pessoas, tipo dates ou ficadas. Sempre gostei que ela me contasse o que vivenciava, me excitava, gerava uma dinâmica única dentro das nossas atividades, não só a parte sexual da coisa. Mas não era algo do tipo "quero me masturbar enquanto você me conta". Era um processo de conhecer o que a outra pessoa gostava e o que eu poderia fazer para ela ter mais prazer na cama.

Não havia nenhum tipo de amarra, encapsulamento da coisa. Era: "me conta como foi se estiver a fim, se não estiver, tudo bem". Aí começaram discussões sobre privacidade, porque havia uma terceira pessoa envolvida. Na época, ela já perguntava se podia contar, e os caras gostavam da dinâmica: o que faziam servia como fonte de tesão em outro momento dela. Ela, porém, nunca gostou de ouvir o que eu fazia.

Este namoro durou quase cinco anos, chegamos a casar e, durante o casamento, mantivemos esta dinâmica dela ter dates, chegar em casa e me contar. Às vezes, ela entrava em detalhes, noutras, era mais genérica. Eu aproveitava o que era oferecido, porque ela tinha limitações, e eu estava geralmente bem disposto a ouvir os relatos.

Quando terminou, namorei algumas pessoas, que continuam sendo afetos. Uma delas, Carla, nunca quis me contar, não foi fonte de frustração, mas era uma dinâmica muito dela, que não queria ter nenhuma violação da intimidade. Desenvolvíamos outras atividades sexuais. Depois, comecei a namorar Adriana, que é muito inserida no universo dos fetiches, em nossas interações, eu soltei a pergunta ‘como foi?’, e os olhinhos dela brilharam. Ela quis desenvolver o tema e começou a falar.

Passamos a explorar como nos atiçar mais dentro do assunto. Até agora não tive a vivência de vê-la se relacionando com outros. Sempre foram relatos. Até que um dia, Adriana me mandou uma foto dela com outra pessoa, o que me atiçou muito, muito, muito. E eu pensei: talvez eu seja um cuckold, então, comecei a explorar mais a possibilidade, de ter não apenas acesso aos relatos, mas ver acontecer e como vou me sentir.

Essa perspectiva me deixa nervoso. Eu me sinto um adolescente, frente à minha primeira vez, mas tem sido legal, porque é com uma pessoa com a qual me relaciono de forma duradoura, se trata de um namoro no qual os dois estão empenhados em desenvolver isso. Traz certa segurança, não só pela dinâmica não monogâmica, mas por ser uma relação duradoura na qual existe o empenho de ambos em construir, não é para fugir da rotina, é algo próprio nosso, da individualidade de cada um.

Tudo isso se soma e me deixa tranquilo em relação a este novo universo no qual tenho me debruçado e, além disso, é bom ter uma definição, "eu sou isso". Não é um rótulo, mas saber como, e por onde explorar, facilita a parte de delimitar o prazer, o que se gosta ou não. Comentei com meu outro afeto, Carla, que estou me definindo. Ela disse que não queria comentar as experiências dela, mas que a possibilidade de vê-la fazendo algo com outra pessoa a excitava.

Agora, há estas duas situações, uma pessoa que não queria dividir a intimidade, se mostra aberta devido à construção do momento, o que eu não imaginaria. Achei que ela não gostasse de nenhum tipo de inserção na intimidade dela. Não tenho muita experiência, mas a chance de identificar o que me excita, e trabalhar isso em conjunto com outra pessoa, tem se mostrado prazerosa e estou aberto para começar isso nos próximos meses.

Tenho problemas de autoestima. Todo mundo acaba tendo em algum momento, mas não relacionado a este tema. Acho que é um aprendizado da não monogamia. Se minha namorada se relaciona com alguém que a faz gozar 20 vezes e eu não consigo isso, fico feliz por ela ter encontrado alguém. A construção da minha relação com ela é diferente: ela quer estar comigo, ela quer transar comigo, enfim, por outros motivos e não vou me cobrar para fazer algo que outro cara faz com ela. Se eu puder aprender algo, daí, quero aprender, para dar mais prazer para ela. E isso não afeta minha autoestima.

O tema surge em círculos de pegação e falo tranquilamente. Não conto para amigos ou família, não acho que seja um tema que eu precise desenvolver. Existe outro ponto que é a visão da sociedade, do corno, pois a prática do cuckold é muito voltada para a humilhação do homem. Não é algo que me atrai, ser humilhado.

Eu quero ver uma pessoa que admiro e tenho tesão em outras dinâmicas sexuais. Vê-la transando com outra pessoa desperta em mim um tesão em ver a performance dela, como se movimenta. A descrição me atiça, o visual. Não tem humilhação na minha prática. Se me chamarem de corno, vou ignorar, porque isso não me alcança, meu psicológico está resolvido. Minha relação se constrói de acordo com o que é para ser, com o que as pessoas se permitem, e não sobre cobranças e comparações.

Fetiches possuem regras claras

Desirèe Monteiro Cordeiro, psicóloga voluntária no Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos) conta que o termo cuckold vem da ave cuco. A fêmea vai buscar outros ninhos para colocar os ovos, e o macho sabe disso. Ela os deixa com esses pássaros que cuidarão deles. No fetiche sexual, são os homens que permitem e desejam que suas mulheres – de um relacionamento monogâmico – tenham relações com outros homens, e que eles participem de alguma forma.

“Poderíamos falar em traição, mas é algo de comum acordo. Em qualquer fetiche, tudo é conversado e as regras são claras, para que não haja outras interferências e não gere desconforto. Quem faz são pessoas que gostam de se sentir neste lugar, pois é uma relação de poder. A partir do momento que você consente que a pessoa vá para outra relação, é você que está permitindo e quer saber detalhes, ou de estar junto. Tem mais a ver com dominação que com submissão, pois há toda uma orquestra regida por uma pessoa que libera o comportamento, claro que com os dois permitindo e a terceira pessoa aceitando, especialmente se for filmada ou fotografada”, conta a psicóloga.

Ela lembra que é importante citar a cuckquean, a mulher que tem o desejo que o parceiro se relacione com outras e que ela saiba, veja, sinta e esteja presente, da mesma forma que os homens fazem. É um fenômeno menos intenso do lado delas, mas existe.

Pesquisando, não é difícil notar que a maioria das pessoas que busca este fetiche são de alto nível socioeconômico e intelectual. Desirèe diz que não sabe se isso é uma característica. “Não sei se pessoas de outras classes sociais têm mais preconceito com o que pode ser entendido como ‘corno’. Ou talvez as mais intelectualizadas gostem de falar sobre o assunto”.

Para ela, a baixa autoestima não está ligada ao tema, ao contrário, quem busca esta prática tem uma autoestima alta, isso porque precisam se sentir seguras no relacionamento. “A intenção não é criar conflitos ou confrontos, é ver a pessoa que você ama tendo prazer com outro, e você ser o superior, porque tem o domínio da situação e, além disso, a pessoa volta satisfeita. E não porque o parceiro não a satisfaça. A questão vai além disso”.

Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do IPq – Instituto de Psiquiatria da USP, concorda. Para ele, os homens que aceitam esse tipo de atividade, e têm prazer com ela, não têm problemas de autoestima, mas, sim, buscam mulheres que sejam deles e topem ter outro, mas sabendo e tendo-os como o "oficial". Seria uma maneira de competição masculina sexual, onde o "terceiro" entra como dispensável, mas que com sua presença reforça o vínculo afetivo do casal e a masculinidade do parceiro.

Porém, Saadeh questiona outro papel: “Nesse sentido existiria um ‘uso’ da mulher. Mas se ela aceita e sabe das condições, o casal pode se beneficiar desse tipo de interação”.

Desirée discorda. Para ela, a mulher é usada se não se sentir à vontade, se ela se submete a isso para manter o casamento ou a relação, sem sentir prazer. “Sim, tem muita mulher que se submete e tem muito homem que acredita que é assim que a relação tem de ser. Mas, nesta situação, estamos falando de uma perversidade. Nas práticas de fetiche há muita conversa e regra. Se a pessoa não sentir vontade, não é um fetiche, que só existe para dar prazer a todos que estejam participando.”

Humilhação

Como vimos, nem todo cuckold gosta de ser humilhado ou comparado a outro homem. “Se pensarmos, tem a ver com submissão e dominação. Historicamente, o sádico e o masoquista – sadomasoquismo – não vivem um sem o outro. A sensação de sofrer e de fazer sofrer dá prazer a algumas pessoas, e a humilhação entraria aqui. Nos casos que conheço de cuckold, não é algo frequente. A humilhação, muitas vezes, vinha antes da chegada da terceira pessoa, ou seja, já havia uma dominação anterior”, finaliza a psicóloga.

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