Depressão: há risco maior para jovens com mães que sofreram na gravidez

Estudo mostra que filhos de mulheres com sintomas têm maior propensão ao transtorno

Redação Publicado em 24/09/2021, às 19h00

Segundo a ABP, entre 10% e 20% das mulheres irão enfrentar depressão pós-parto - iStock

Crianças nascidas de mães deprimidas durante ou após a gravidez são mais propensas a desenvolver sintomas depressivos até os 24 anos. Essa é a principal descoberta de um novo estudo realizado pela Universidade de Bristol (Inglaterra) e publicado no British Journal of Psychiatry. 

De acordo com os achados, aos 24 anos, tais jovens apresentaram escores de depressão quase três pontos maiores do que seus pares filhos de mães que não enfrentaram sintomas depressivos pré ou pós-natal. 

O que é depressão pós-parto?

É um problema extremamente comum e que afeta milhares de mulheres. Segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), de 10% a 20% das mulheres irão enfrentar alguma dificuldade nesse campo durante a gestação ou no pós-parto. Outra pesquisa recente da Fiocruz diz que esse número é ainda maior, revelando que uma em cada quatro mulheres pode apresentar depressão após o nascimento do bebê. 

A condição pode afetar qualquer tipo de mulher. Entretanto, aquelas que vivem com maior vulnerabilidade social e econômica são ainda mais propensas a desenvolverem o problema. 

A depressão pós-parto está diretamente ligada às questões emocionais, mas também pode ser associada a uma série de questões psicológicas, sociais, culturais, além da existência de predisposição genética.  

Entre os sintomas que sinalizam o problema estão tristeza, desânimo, desmotivação, irritação, sensação de que “não vai dar conta do recado”, de que não será uma boa mãe, de que não conseguirá amamentar ou dar uma atenção adequada ao bebê. Tudo isso acaba trazendo estresse para as mulheres nessa fase da vida e impactando na relação com seu filho.  

Confira:

Risco de depressão, da infância à vida adulta

O estudo analisou dados de uma pesquisa de saúde com crianças dos anos 1990 e contou com 5.029 participantes durante um período de 14 anos (todos com idades entre 10 e 24 anos).

O objetivo era examinar como os riscos de depressão ocorrem na infância e na adolescência, bem como explorar os padrões de sintomas depressivos

Rastrear trajetórias de sintomas depressivos de jovens nascidos de mães com depressão desde à infância forneceu mais informações sobre o risco intergeracional: além de serem mais propensos à depressão, esse risco parece persistir durante toda a adolescência até a vida adulta.

Ainda para a equipe, a pesquisa mostra que o momento de depressão da mulher (durante a gravidez, após o parto ou em ambos) é um fator de risco importante para a futura saúde mental da criança.

Apesar de tudo, a boa notícia é que existem tratamentos eficazes que podem ajudar nessa questão. O rastreamento de saúde mental para todas as mães é fundamental e deve ser uma prioridade. 

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