O ciclo capilar é divido em três fases: anágena, catágena e telógena
Cármen Guaresemin Publicado em 29/06/2022, às 10h00
Você já deve ter ouvido alguém comentar que nas estações mais frias do ano, costumamos perder mais cabelo. Mas isso teria alguma comprovação científica ou se trata apenas de uma impressão pessoal? A dermatologista Jaqueline Zmijevski, membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), tira esta e outras dúvidas referentes a esse assunto. Confira a entrevista:
Os cabelos caem mais no inverno ou isto é um mito?
Antes de falar da queda de cabelo sazonal, ou seja, de acordo com a estação do ano, precisamos entender o ciclo capilar, que é divido em três fases: anágena, catágena e telógena. Cada folículo se encontra em uma diferente fase, assim, você não perde todos os fios de uma única vez, nem fica "cabeludo" em um só tempo. Em condições normais, a divisão do ciclo costuma ser 85%-90% dos folículos na fase anágena (de crescimento), 1%-2% na fase catágena (de transição) e 10%-15% na telógena (de queda).
A fase de crescimento dura em média quatro anos, e determina o tamanho que os fios podem atingir. A fase telógena, de queda, dura três meses. Quando acontece algum evento, como a chegada do verão, acredita-se que os folículos permaneçam na fase de crescimento, numa tentativa de nos proteger contra a radiação UV. Dessa forma, teremos mais cabelos protegendo nosso couro cabeludo.
Porém, o ciclo capilar “tem que girar”, então, após o verão, especialmente nos três meses seguintes - tempo que dura a fase telógena (de queda) -, vem outono e inverno e, com eles, a queda desses fios que se mantiveram na fase de crescimento por todo o verão. Mas, calma! Isso não é motivo para preocupação, já que moramos num país tropical em que as estações do ano não são tão distintas no que diz respeito à incidência solar. Além do mais, em uma pessoa saudável, para cada fio que cai, já existe outro prontinho para nascer.
Tomar banhos quentes influencia na queda?
Falando dos hábitos do inverno, como banhos mais quentes, o contato da água em alta temperatura com o couro cabeludo tende a ressecá-lo, favorecendo quadros de descamação e coceira. Essas alterações, se persistentes, desencadeiam um processo inflamatório ao redor do folículo que pode culminar, sim, em uma maior queda dos fios.
Lavar o cabelo com menos frequência, por causa do frio, faz mal?
Pois é, outro hábito comum nas estações frias é lavar os cabelos com menos frequência, acumulando mais sebo e favorecendo a piora de quadros como a dermatite seborreica.
Dá para notar se o cabelo está caindo mais?
A maioria das pessoas não percebe nenhuma mudança nos cabelos, a não ser que já tenha alguma condição pré-existente afetando os fios e couro cabeludo.
Alimentação influencia na queda?
Sem dúvida, interfere na saúde dos fios, não só no inverno, mas durante o ano todo. Porém, nesta época, em especial, é importante se atentar ao consumo de água, que tende a ser menor. Não existe uma alimentação específica para essa situação neste período do ano. A alimentação saudável, de maneira geral, durante o ano todo, mantém a saúde dos fios em todas as estações.
Suplementos ajudam no tratamento para evitar a perda capilar?
O uso de suplementos não é aconselhável. Se a queda está além do normal, se o couro cabeludo está descamando e a coceira incomodar, não se automedique, procure um médico dermatologista de confiança para avaliar o couro cabeludo e, se necessário, realizar exames e, então, suplementar se houver carência de algum nutriente.
E cosméticos? Há muitos que prometem parar a queda, mas funcionam?
O uso de cosméticos capilares é sempre bem-vindo, mas não com o objetivo de cessar a queda, mas como um cuidado especialmente com a haste - os fios - que ganha muito com o uso de óleos vegetais, máscaras hidratantes, finalizadores, protetores térmicos, leave-ins e muitos outros produtos.
Massagem no couro cabeludo ajuda?
A massagem no couro cabeludo pode ser uma aliada para estimular a circulação local e absorção de ativos. Mas, seja gentil, faça de maneira delicada, com a ponta dos dedos e não remova “casquinhas” que podem estar presentes nos quadros de dermatite.
Fonte: Jaqueline Zmijevski é dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), pós-graduada em Medicina Estética e Fellow em Tricologia pela Associação Médica Brasileira (AMB). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia e da Associação Brasileira de Medicina Estética. Instagram: @dermato.jaqueline
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