Da Redação Publicado em 10/11/2020, às 21h31 - Atualizado em 11/11/2020, às 13h55
A dermatologista Lilian Akemi Ota responde às perguntas do Dr. Jairo sobre o uso frequente da máscara e os efeitos para a pele do rosto.
Dr. Jairo: Dra. Lilian, o que você tem visto no consultório de impactos do uso da máscara para a pele das pessoas?
Dra. Lilian Ota:Basicamente, são dois tipos de casos que estão chegando aos consultórios de dermatologia com maior frequência, ambos relacionados ao uso da máscara, que causa uma maior oclusão na região central da face (nariz e queixo) e faz com que essa região fique abafada, com uma circulação de ar quente (da respiração) diretamente sobre a pele.
O primeiro caso está geralmente relacionado à população mais jovem, com o aumento do número de pessoas com lesões do tipo acne: espinhas inflamadas, aumento de cravos no nariz e no queixo.
Já o segundo caso, em geral, está relacionado aos adultos ou às pessoas mais idosas, que apresentam ressecamento de pele ou irritação nessa área. Identificamos até mesmo a dermatite seborreica, que pode aparecer na região do queixo ou nariz, assim como lesões do tipo eczematosas, com vermelhidão, descamação e irritação. Às vezes, pode até mesmo ocorrer uma ardência na região perilabial com ressecamento dos lábios e até formação de fissuras.
Dr. Jairo: Por que a dermatite seborreica e a acne podem aparecer ou até mesmo piorar neste período?
Dra. Lilian Ota: As duas condições estão relacionadas ao estresse emocional que estamos vivendo nesse período pandêmico, o que pode desencadear uma crise de dermatite seborreica e aparecimento da acne.
Sabemos que a acne é multifatorial e que alterações emocionais podem ter um peso importante. Isto é bastante comum, por exemplo, em adolescentes que são pré-vestibulandos. Agora, também temos um aumento porque as pessoas andam mais estressadas.
Além do fator emocional temos também a oclusão da máscara. Como ela abafa essa região da face, que já é ricamente povoada por glândulas sebáceas, ocorre um espessamento do epitélio e o aquecimento da respiração faz com que essas glândulas acabem secretando (liberando) mais substâncias gordurosas.
Dr Jairo: Você poderia dar algumas dicas para as pessoas evitarem essas questões? E quando um dermatologista deve ser procurado?
Dra. Lilian Ota:Para os adolescentes, a dica é usar diariamente um sabonete seborregulador, para controlar o excesso de oleosidade na face, e um esfoliante aplicado na zona T da face (testa, nariz e queixo), de uma a duas vezes por semana – dependendo do grau de oleosidade da pele – para ajudar a evitar o acúmulo de material sebáceo, o que resulta na formação dos cravos, que são aqueles pontinhos pretos que irritam tanto os adolescentes. Lembrando: tanto o sabonete quanto o esfoliante devem ser aplicados com água fria para não irritar demais a pele.
Já para os pacientes com a pele mais sensível ou com uma tendência maior ao ressecamento, oriento a utilização de sabonetes neutros. Existem alguns sabonetes no mercado com fórmulas que não contém sabão, então são produtos para peles mais sensíveis. Outra indicação importante nestes casos, é a utilização de um bom hidratante. Após essa hidratação, é sempre bom lembrar também do filtro solar.
Se tudo isso não estiver fazendo efeito, recomendo procurar um dermatologista de confiança para analisar exatamente o caso.
Dr. Jairo: Essas alterações na pele não são motivos para deixar de lado o uso da máscara, não é Dra. Lilian?
Dra. Lilian Ota: Não. Vale lembrar que o uso regular da máscara pode ser um incomodo, mas é absolutamente necessário. Ela é uma das poucas formas de nos protegermos contra a COVID-19. Então, apesar das dificuldades, é muito importante continuar usando a máscara.
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