A agência que regula medicamentos nos EUA, a FDA (Food and Drug Administration), divulgou um alerta na semana passada em relação ao antialérgico
Jairo Bouer Publicado em 01/10/2020, às 12h14 - Atualizado às 12h17
A agência que regula medicamentos nos EUA, a FDA (Food and Drug Administration), divulgou um alerta na semana passada em relação ao antialérgico difenidramina, presente em vários medicamentos de venda livre. É que uma adolescente de 15 anos, de Oklahoma, morreu após consumir uma overdose do remédio, estimulada por um desses “desafios” estimulados nas redes sociais. Outros três jovens do Texas foram hospitalizados pelo mesmo motivo.
O cloridrato de difenidramina é um anti-histamínico usado há muito tempo em remédios de venda livre para aliviar sintomas de rinite alérgica ou resfriado em crianças e adultos. É um princípio ativo seguro na quantidade recomendada, apesar de causar sonolência. Em doses elevadas, pode provocar insônia, agitação, taquicardia (coração acelerado) e tremores, entre outros sintomas. Assim, ingerir vários comprimidos de uma vez só pode causar problemas graves no coração, convulsões, coma e até morte.
“Estamos cientes de notícias de adolescentes que acabam em salas de emergência ou morrem após participarem do desafio, incentivadas por vídeos postados no aplicativo de mídia social TikTok”, afirmou o FDA. “Estamos investigando esses relatórios e conduzindo uma revisão para determinar se casos adicionais foram relatados.”
A ideia perigosa de experimentar remédios que estão disponíveis em casa para ter algum tipo de sensação diferente, ou “barato”, não é novidade entre os adolescentes. Mas as redes sociais amplificaram o problema, já que os vídeos são vistos por milhares de outros jovens, e no mundo todo. Vale lembrar que muitas crianças também usam o TikTok, e nem sempre os pais conseguem controlar o que aparece na tela.
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No Brasil, desafios como o da rasteira, que levou muitos jovens a bater a cabeça no chão, ou o do sal, que estimulava o consumo de grandes quantidades do alimento, causaram acidentes e polêmica. Até adultos já se envolveram nessas brincadeiras perigosas, como a de um vídeo que propõe arremessar o bebê durante uma dança. Tudo é encarado como divertimento, e o suposto anonimato da internet impede que os autores dos vídeos sejam responsabilizados por acidentes graves ou fatais. Alguns casos chegam à imprensa, mas é difícil ter a dimensão exata das consequências desse fenômeno.
Nos EUA, dezenas de adolescentes foram envenenados após consumirem tabletes de sabão em pó, em 2018. Várias crianças foram hospitalizadas e pelo menos uma morreu por causa do desafio da canela, mais antigo, porque a aspiração da especiaria em pó compromete os pulmões. Vídeos com pessoas lixando os dentes também deixaram dentistas em pânico, recentemente.
No último comunicado, o FDA recomendou que os pais deixem medicamentos longe do alcance das crianças e dos adolescentes, especialmente durante a pandemia de Covid-19, em que há um risco maior de os jovens fazerem esses “experimentos” perigosos. É que o isolamento social pode agravar sintomas depressivos ou sensações de vazio ou tédio.
A FDA também afirmou ter entrado em contato com o TikTok, para pedir a remoção dos vídeos na plataforma. Além disso, alertam profissionais de saúde sobre possíveis casos de overdose de medicamentos de venda livre. Os médicos também devem informar essas ocorrências aos centros de controle de intoxicações, para que informações sobre o fenômeno sejam contabilizadas.
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