A data foi criada para combater o estigma de quem convive com a doença e conscientizar a população
Milena Alvarez Publicado em 01/12/2022, às 10h00
Anualmente, o dia 1º de dezembro é marcado pelo “Dia Mundial de Combate à Aids”, um movimento realizado com o objetivo de apoiar pessoas envolvidas na luta contra a doença e de melhorar a compreensão do vírus como um problema de saúde pública global.
A síndrome da imunodeficiência adquirida – mais conhecida pela sigla em inglês Aids – é uma doença infectocontagiosa transmitida pelo vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana).
Um relatório da UNAIDS divulgado em julho de 2022 mostrou que durante os últimos dois anos – devido à pandemia de Covid-19 e outras crises globais –, o progresso contra a pandemia de HIV enfraqueceu e sofreu diminuição de recursos, colocando milhares de vidas em risco.
Segundo os dados, o número de novas infecções diminuiu apenas 3,6% entre 2020 e 2021, o menor declínio anual desde 2016. Além disso, Europa Oriental e Ásia Central, Oriente Médio e Norte da África e América Latina viram aumentar suas taxas de infecções anuais.
Estima-se que 38 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV e, em 2021, foram aproximadamente 1,5 milhão de novas infecções em todo o globo, um reflexo do enfraquecimento no progresso do combate ao vírus.
Por atacar o sistema imunológico e deixar o corpo vulnerável a uma série de doenças, receber um diagnóstico de Aids foi, por muito tempo, encarado como sentença de morte. Com todos os avanços da medicina, hoje é possível evitar a doença e conviver com o vírus da mesma forma que se trata qualquer condição crônica. É preciso seguir o tratamento corretamente e tomar uma série de cuidados, mas o HIV não impede ninguém de ter uma vida longa e plena.
A evolução do tratamento antirretroviral, porém, não diminuiu a importância da conscientização sobre as medidas para se evitar a transmissão do vírus. Diante desse cenário, separamos seis mitos comuns que cercam o HIV. Veja só:
O HIV é o vírus causador da Aids; ele ataca células específicas do sistema imunológico que têm como função proteger o corpo humano de doenças. Diferente de outros vírus, como o da gripe, o organismo não é capaz de combatê-lo.
Aids, por sua vez, é o nome dado à doença provocada pelo HIV. Em um estágio avançado da infecção pelo vírus, o indivíduo pode apresentar diferentes sintomas, infecções oportunistas – como pneumonias e infecções provocadas por fungos e protozoários – e alguns tipos de câncer. Por essa e outras razões o tratamento antirretroviral é tão importante: sem ele, o HIV usa as células de defesa para replicar outros vírus e as destrói, fazendo com que o corpo seja incapaz de combater outras doenças e infecções.
Vale lembrar que ter o HIV não significa que a pessoa desenvolverá Aids, porém, uma vez infectada, o vírus permanece no organismo, ainda que o tratamento seja capaz de mantê-lo indetectável.
Partilhar talheres, copos ou pegar na mão com um pequeno corte, por exemplo, não oferece risco. Para o vírus do HIV ser adquirido, ele precisa entrar na circulação sanguínea. Portanto, se não existe nenhum tipo de ferida na pele, o simples contato com sangue ou com outros fluidos contaminados não é suficiente para contrair o vírus. Na prática, as principais situações de risco para transmissão do HIV são:
Confira:
A principal via de transmissão do HIV é a relação sexual com penetração. Isso porque, na hora do sexo, é comum haver microtraumas nas mucosas dos órgãos sexuais e isso facilita a entrada do vírus presente nos fluidos e secreções.
Em tese, o sexo oral também pode abrir as portas para a transmissão do HIV, principalmente se a pessoa apresentar lesões na boca, como gengivites, aftas ou qualquer outro tipo de ferida. O risco é bem baixo - estima-se que seja de apenas 0,005% - mas, mesmo assim, ele existe. Sem contar outras infecções possíveis pelo sexo oral, como herpes, sífilis, gonorreia, HPV etc.
Apesar de o risco de transmissão desse vírus da mulher para o homem ser inferior ao inverso (do homem para a mulher), ou, ainda, ao risco de transmissão entre homens, pessoas do sexo feminino podem sim transmitir o vírus do HIV para as do sexo masculino.
Dessa forma, um homem pode contrair o vírus ao ter relações desprotegidas com uma mulher que convive com o HIV e não tem sua carga viral indetectável.
No sexo entre mulheres, o risco de transmissão desse vírus é muito baixo, mas não é nulo, e também há outras infecções que podem ser transmitidas dessa forma, como HPV, herpes, sífilis e clamídia, entre outras.
Além da camisinha, existem outras formas de prevenção contra o HIV, combinadas em uma imagem chamada “Mandala da Prevenção”, reproduzida a seguir:
Os preservativos tanto masculino como feminino desempenham papel importante na prevenção não apenas contra o HIV, mas contra outras IST. A “Mandala da Prevenção” ilustra as diferentes formas de se proteger, combinando diferentes métodos validados pelo Ministério da Saúde. Conheça dois deles abaixo:
PrEP – Profilaxia Pré-Exposição
A PrEP é um medicamento antirretroviral tomado diariamente que impede a infecção pelo vírus HIV. É uma combinação de antirretrovirais que criam uma espécie de blindagem no organismo de uma pessoa que venha a entrar em contato com o vírus.
Se isso ocorrer, a infecção não acontece, porque a PrEP está circulando no sangue daquele indivíduo, o que explica o motivo de ser uma medida profilática pré-exposição. Porém, nem todas as pessoas podem tomar os comprimidos que compõem a PrEP, mas sim:
PEP – Profilaxia Pós-Exposição
É como se fosse uma pílula do dia seguinte. Uma pessoa que se expôs ao vírus HIV, seja através de relação sexual desprotegida ou até acidente ocupacional contendo sangue, pode procurar o serviço especializado e solicitar os medicamentos que compõem o esquema da PEP. Resumindo: a PEP é indicada para toda e qualquer pessoa que se expôs ao risco de contrair HIV. Porém, é importante frisar: você tem até 72 horas após a exposição para iniciar o tratamento pós-exposição e os medicamentos devem ser tomados durante 28 dias.
Veja também:
HIV: como funciona a PrEp por demanda?
Droga usada para HIV pode combater perda de memória, diz estudo
Os relacionamentos amorosos e o HIV
HIV: 50% dos casos atingem jovens entre 20 e 34 anos