Pesquisa compara diversas características do sexo entre homens gays e héteros
Redação Publicado em 29/06/2021, às 19h00
Será que a vida sexual dos homens em relacionamentos difere de acordo com a sua orientação sexual? Esse foi o mote de um estudo recente publicado no Journal of Sex Research, que procurou compreender melhor a questão e fornecer um olhar mais definitivo sobre como a vida sexual de gays e héteros é ou não baseada em suas respectivas sexualidades.
A pesquisa envolveu 3.916 homens homo e heterossexuais em relacionamentos que foram comparados em várias características, incluindo idade, etnia, duração da relação, nível de educação e se tinham ou não filhos.
Todos os participantes precisaram responder a uma pesquisa online que continha perguntas detalhadas sobre suas práticas e satisfação sexual. Os resultados apontaram para uma série de semelhanças importantes, mas também algumas diferenças.
Em termos de quantidades de vezes que os entrevistados relataram ter feito sexo, homens gays e heterossexuais não diferiram: em média, eles contaram ter tido relações cerca de sete vezes por mês.
Os participantes também não apresentaram diferenças significativas em relação à satisfação sexual geral; mais da metade de ambos os grupos relatou estar sexualmente satisfeito.
Além disso, os fatores que previam esse sentimento também tendiam a ser os mesmos, como sexo mais frequente, ser mais feliz com o relacionamento no geral, melhor comunicação, tentar mais coisas novas na cama e passar mais tempo tendo relações sexuais.
Em contrapartida, as diferenças ficaram mais evidentes nos tipos de comportamentos sexuais relatados. Por exemplo, os heterossexuais eram menos propensos do que os homens gays a se envolver com sexo anal, dar e receber sexo oral, praticar masturbação mútua, assistir pornografia com a parceira, compartilhar e colocar em prática suas fantasias e se envolver em sexo a três ou em grupo.
Por outro lado, os homens heterossexuais apresentavam maior probabilidade de dizer que a parceira utilizava roupas íntimas sensuais, a marcar encontros noturnos, a fazer ou receber massagens, a trocar de posição durante o sexo e a incorporar comida na prática sexual.
Confira:
Quando o assunto é comunicação no sexo, em geral, ambos os grupos relataram níveis semelhantes; entretanto, alguns comportamentos relatados diferiram: os heterossexuais, por exemplo, são mais propensos a dizer “eu te amo” durante a relação sexual e os gays têm mais chances de contar quais são suas fantasias sexuais.
Vale ressaltar que, embora a maior comunicação estivesse diretamente ligada a níveis mais altos de satisfação, ela foi um indicador ainda mais forte de satisfação sexual dos gays do que dos heterossexuais.
No geral, os achados apontam para uma série de semelhança na vida sexual dos homens gays e heterossexuais, como a frequência e a satisfação com seus relacionamentos. Porém, a maior diferença está nos tipos de comportamentos sexuais.
Enquanto os homossexuais relataram atitudes mais centradas ao redor de atos sexuais específicos – como assistir pornô junto com o parceiro e colocar em prática uma fantasia –, os heterossexuais contaram terem mais condutas focadas na intimidade de construção, como marcar um encontro ou trocar massagens.
De acordo com os pesquisadores, essa tendência dos homens heterossexuais de investirem mais na preparação do “clima” para o sexo está relacionada ao fato desse grupo ser mais propenso a seguir um roteiro sexual que une romance e sexo.
Isso não significa que a vida sexual de um gay seja desprovida de intimidade ou romance. Por exemplo, na pesquisa, a maioria dos entrevistados – de ambos os grupos – disse “eu te amo” na última vez que fez sexo, mas os heterossexuais eram ainda mais propensos a dizer.
De qualquer maneira, enquanto o sexo em si parece ser muito diferente entre homossexuais e heterossexuais, uma análise mais aproximada considerando aspectos como a frequência sexual e a satisfação revela muito mais semelhanças do que diferenças.
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