O sedentarismo é, indiretamente, uma causa de morte considerável no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, até cinco milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas se a população em todo o mundo fosse mais ativa.
Porém, diversos fatores podem afastar alguém da prática regular de atividades físicas e um deles é a fobia social relacionada ao medo de sofrer discriminação. O transtorno causa medo excessivo de ser o centro da atenção de outras pessoas, de passar por julgamentos e de estar em ambientes com mais pessoas.
Diversos tipos de preconceito, inclusive os relacionados à cor, às capacidades físicas e à obesidade, por exemplo, podem fazer com que uma pessoa se afaste dos exercícios. Seja pelo medo ou pela vergonha de estar em público se exercitando, a fobia social pode surgir nesses casos.
Segundo o psicólogo do esporte Matheus Vasconcelos, é importante compreendermos que os fatores para uma fobia social sempre são multifacetados. Fatores genéticos, como histórico familiar poderão estar envolvidos neste tipo de fobia, mas as condições socioambientais estão entre os fatores preponderantes.
Pessoas obesas, por exemplo, quando iniciam uma atividade física, enfrentarão desafios adicionais que envolverão questões ligadas à autoimagem e às relações sociais nesse contexto. Da mesma forma, questões raciais e contextos em que há experiência de discriminação e de estigmas sociais, levarão as pessoas a desenvolverem crenças negativas sobre si, afetando diretamente a sua adesão à atividade física", destaca.
Níveis elevados de ansiedade diante de desconhecidos, resultando no medo de avaliações negativas, podem causar problemas sociais como inibição e dificuldade de interação, podendo afetar, consequentemente, o nível de atividade física e levando ao sedentarismo.
Isso, inclusive, pode aumentar as chances de obesidade, conforme um estudo de 2018 chamado "Como e por que o estigma do peso impulsiona a 'epidemia' da obesidade e prejudica a saúde". Os dados de pesquisas revelam que as experiências com o estigma do peso se correlacionam diretamente com a evitação de exercícios.
Além da questão estética relacionada ao peso, o racismo também é um fator preponderante no que diz respeito à saúde. Um corpo de pesquisa indicou que a discriminação racial percebida é um "forte preditor de problemas de saúde e que essa relação pode ser atribuída, em parte, a um comportamento pouco saudável". Segundo o artigo:
A discriminação racial percebida está associada a aumentos nas respostas emocionais internalizantes e externalizantes, e essas reações, por sua vez, estão associadas à deterioração do estado de saúde e ao aumento de comportamentos não saudáveis", diz um trecho do estudo.
O desempenho de qualquer pessoa em uma atividade física pode ser afetado por questões sociais. Vergonha e constrangimento, baixa autoestima, expectativas negativas ou desalinhadas com metas realistas estão entre algumas consequências que ambientes sociais discriminatórios poderão trazer à tona, de acordo com Matheus.
Tais aspectos são capazes de diminuir o nível de motivação para atividades, bem como tornar mais difícil a capacidade de concentração para a realização eficaz de um exercício físico"
Segundo ele, esses aspectos citados destacam algumas direções que profissionais de psicologia do esporte seriam capazes de tomar para auxiliar academias e outros ambientes de treinamento frequentados pela população em geral.
Pensando individualmente nesses quadros associados à discrimanação de diferentes tipos, o tratamento psicológico terapêutico pode ajudar no que diz respeito a lidar melhor com as questões que surjam da discriminação.
Há diversas possibilidades de tratamento que as pessoas podem buscar caso percebam que estão enfrentando esse tipo de problema, tais como psicoterapia individual, grupos terapêuticos, grupos de treino de habilidades sociais e até mesmo estratégicas que envolvem autocuidado e relaxamento diante de situações sociais", fala Matheus
Buscar formas de manter a atividade física regular, mesmo que evitando certas situações sociais, também pode ser uma alternativa paliativa. Algumas pessoas, por exemplo, podem se beneficiar da atividades físicas em locais abertos, como parques, em vez de optarem por academias e estúdios fechados.
Para quem quer começar a frequentar a academia e sente insegurança, outras atitudes podem ajudar, como:
Fausto Fagioli Fonseca
Formado em jornalismo e pós-graduado em jornalismo esportivo, atua na área de esportes e saúde desde 2008. @faustoffonseca