Redação Publicado em 24/06/2021, às 12h30
Na última terça-feira (23), Mabel Calzolari, de 21 anos, teve morte cerebral confirmada. A atriz enfrentava a aracnoidite torácica, uma doença rara que atinge a medula.
Em uma entrevista à Quem, a amiga a atriz Monique Curi, que está ajudando a família de Mabel a passar por esse momento, revelou que seus órgãos serão doados.
"Foi confirmado e ela vai doar os órgãos. Provavelmente serão 10 vidas salvas. Isso está deixando a Silvinha, mãe da Mabel muito, muito conformada. Porque imagina se tivesse uma coluna para salvar a Mabel, né? Ela não teve... então através dos órgãos da Mabel, ela vai salvar pessoas que estão sofrendo tanto quanto ela estava. A Silvinha está muito conformada e feliz em estar podendo doar os órgãos. Esse processo durará até amanhã e provavelmente a cremação da Mabel será na sexta-feira (25), a partir das 11h", explicou.
Confira:
Monique ainda contou que, antes de falecer, Mabel sofreu paradas cardíacas e respiratórias. "Na sexta (18) passada, durante uma convulsão, a Mabel teve uma parada respiratória e precisou ser intubada. No dia seguinte, teve uma parada cardíaca que durou 12 minutos e a situação se agravou muito, já que a falta de oxigenação ocasionou danos sérios ao cérebro. No domingo (20), era dia de visita e fui com a Silvinha [mãe de Mabel] e o João [Fernandes] visitá-la. Só a Silvinha pôde vê-la e os médicos informaram que ela não estava respondendo aos estímulos, explicaram que a parada cardíaca tinha afetado o cérebro".
Já na segunda-feira (21), a família foi chamada ao hospital. "Chegando lá, eles avisaram que ela poderia estar em morte cerebral, mas não podiam afirmar sem antes fazer todos os exames. À noite, eles pararam de sedá-la e começaram a fazer os testes e ela não respondia a mais nada. Hoje [dia 22] foi confirmada a morte cerebral. Ela já tinha esboçado o desejo de doar os órgãos."
Ela só pode ocorrer após a constatação de morte encefálica e, uma vez autorizada, a retirada dos órgãos ocorre através de uma cirurgia tradicional. No fim do procedimento, o corpo é reconstituído e pode ser velado normalmente.
É possível doar córneas, coração, fígado, pulmão, rim, pâncreas, ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões e cartilagem, podendo-se salvar até 20 pessoas.
Também é possível doar em vida, caso a pessoa tenha mais de 21 anos e tenha boa saúde. É possível doar um dos rins, a medula óssea e parte do fígado ou do pulmão para cônjuges ou parentes de até quarto grau com compatibilidade sanguínea. No caso de não familiares, a doação só acontece mediante autorização judicial.
No Brasil, a doação de órgãos ainda é um assunto que beira o tabu. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de cada oito potenciais doadores, apenas um é notificado.
E um dos principais motivos para essa situação é que, para ser doador no país, não é necessário deixar nada escrito, apenas comunicar à família, que posteriormente deve autorizar a doação. Contudo, como pouco se fala sobre o assunto no país, muitos familiares se recusam a fazê-la.
Para mudar o quadro, seria necessário haver mais debates sobre doação de órgãos, o que poderia salvar muitas vidas.
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