Documentário sobre HIV e Aids incentiva debate entre jovens no Brasil

Carta para Além dos Muros ganha versão reduzida para ser debatido em sala de aula

Redação Publicado em 19/02/2021, às 17h28

O documentário é o primeiro do gênero a refazer a cronologia da Aids e do HIV no Brasil - Divulgação

“Carta para Além dos Muros” ganhou uma nova versão após passar por cinemas de 19 capitais brasileiras, estar disponível no Netflix e ter sua exibição feita no Canal Brasil. Dessa vez, o objetivo foi reduzir o tempo do documentário para exibi-lo durante o horário de aula, reforçando e ampliando a discussão sobre a infecção de HIV no Brasil. 

O projeto “#PrecisamosFalarSobreIsso - Carta para Além dos Muros” é uma versão reduzida da obra e estará disponível a partir de 25 de fevereiro na plataforma Videocamp, uma ferramenta online que reúne filmes com potencial impacto e que podem ser exibidos por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo e de forma gratuita. Através do apoio da Unesco e da Unaids Brasil, o principal intuito é ampliar o acesso ao documentário. Afinal, a infecção de HIV afeta, cada vez mais, a população jovem

O documentário 

A produção, dirigida por André Canto, narra toda a trajetória da epidemia que revelou a ignorância e os preconceitos em relação ao HIV e a Aids no Brasil. O documentário traz a investigação do estigma, preconceito e discriminação como resultados de uma sociedade que insiste em manter pessoas que vivem com HIV marginalizadas.

O personagem principal é o Caio, um jovem que conta sua experiência com o HIV e como, a partir da descoberta, precisou enfrentar seus próprios fantasmas e o preconceito da família e da sociedade. O depoimento de Caio é o fio condutor da narrativa, que intercala imagens de arquivo e entrevistas com médicos, ativistas, figuras públicas e pessoas que vivem com o vírus

 "Peste gay" foi utilizado para denominar a doença no início

Todos esses personagens ajudam não apenas a contar a história do HIV e da Aids no Brasil, mas também investigar o processo de construção da discriminação e do estigma que ainda recaem sobre todos aqueles que convivem com o vírus. Alguns preconceitos apresentados na produção são a denominação  “peste gay”, adotada com o surgimento da doença, a classificação de “grupos de risco”, além do sensacionalismo vindo da imprensa e os julgamentos morais e religiosos vistos na epidemia. 

Entre as pessoas que participaram com depoimentos no filme estão o Dr. Dráuzio Varella, o ex-ministro da Saúde José Serra, a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, a cineasta e ex-VJ Marina Person e os médicos Ricardo Tapajós, Márcia Rachid e Ricardo Vasconcelos. Os entrevistados ajudam a desvendar os motivos pelos quais mesmo com a evolução médica e científica em torno do HIV, não houve uma mudança de mentalidade e preconceito na mesma velocidade e proporção.  

 “Carta para Além dos Muros’ é o primeiro do gênero a refazer a cronologia da Aids e do HIV no país e encabeça o projeto #PrecisamosFalarSobreIsso, que também conta com uma série documental para a TV e um livro-reportagem que relatará todo o processo de sua pesquisa e realização.

Cenário atual 

Segundo o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids de 2020, do Ministério da Saúde, apesar dos importantes avanços no tratamento e na prevenção, casos da infecção têm crescido significativamente entre a população jovem de 15 a 24 anos. Os dados apontam que toda semana 6.000 jovens são infectados no mundo pelo HIV. 

Os altos índices da doença entre os adolescentes é uma tendência global e esse é o único grupo no qual a epidemia continua avançando, com um risco 50% maior em relação às outras faixas etárias. Além disso, até hoje, após quase 40 anos do primeiro caso diagnosticado, pessoas que vivem com HIV relatam que situações de insegurança, medo e exclusão são muito frequentes. 

Assista o trailer: 

Aids HIV documentário

Leia também

PrEP: saiba quando o remédio para prevenção do HIV é recomendado


O que é mais importante: vacina para prevenção ou a cura do HIV?


HIV continua a crescer entre jovens do sexo masculino


Transmissão do HIV: encostar na mão suja de sangue traz risco?