Após viver um trauma, a youtuber contou sua experiência e deu dicas para superar o abuso
Giulia Poltronieri Publicado em 16/02/2021, às 12h00
Em julho de 2019, a youtuber Dora Figueiredo fez um vídeo em seu canal revelando já ter sofrido um relacionamento abusivo. Na época, muitas questões foram levantadas sobre o tema, como, por exemplo, o fato de o ex-namorado provavelmente ser conhecido (embora ela nunca tenha revelado o nome dele). Muita gente também se perguntou por que ela ficou tanto tempo em um relacionamento que não era bom e ainda houve questionamentos sobre o motivo de ter demorado tanto para expor.
Depois de um ano e meio disso tudo, Dora continua usando suas redes sociais para falar sobre o tema, além de dar dicas de autoestima e aceitação do próprio corpo.
Em entrevista exclusiva ao site Doutor Jairo, ela voltou a falar sobre o relacionamento abusivo que viveu, e explicou como identificar a situação e se recuperar dela, um processo que é mais complicado que superar o fim de outros tipos de relação.
“A recuperação do relacionamento comum demora um tempo. A gente chora, sofre, mas depois vai perdendo a sensação de raiva e isso vai virando uma coisa do passado. A diferença pro abusivo é que é preciso se recuperar de algo mais grave. Algumas pessoas desenvolvem até um transtorno pós-traumático”.
Ela lembra que, depois do término, mesmo já não sentindo mais saudades do ex-namorado, o sofrimento não passava. “Eu continuava me sentindo vazia, não me entendia mais como uma pessoa completa. Eu não tinha mais controle sobre absolutamente nada. Foi aí que comecei a perceber que aquilo não era normal, porque eu já tinha tido outros relacionamentos e nunca tinha sentido aquilo”.
A youtuber também fala que, após a separação, se viu sozinha, pois já não mantinha mais contato com os amigos ou a família. “A única coisa que eu queria era ser boa pra essa pessoa e ela ainda me deixou. E eu tive sorte que ele me deixou, porque se isso não acontecesse, eu ainda estaria com ele. Era um abuso psicológico muito grande”.
“Tudo que você sabia sobre si mesma era baseado na opinião do abusador. Se ele disser que você é insuportável, você acredita, porque está sendo manipulada”, explica ela. “Eu cheguei a acreditar que estava sendo possuída pelo demônio. Esse foi o nível de abuso psicológico que eu passei”, lembra Dora.
Atualmente, mesmo após anos separada, ela ainda sofre com fobia social e ainda tem medo de encontrá-lo na rua.
Segundo Dora, o processo de recuperação de um relacionamento abusivo é demorado e intenso, por isso, ela reuniu uma espécie de guia, com as etapas pelas quais passou, para ajudar outras pessoas:
Foi justamente por se permitir tanto que, durante um tempo, Dora ganhou muito peso e voltou a ser assunto nas redes sociais. “Eu engordei ao mesmo tempo que eu estava me recuperando de um abuso. Eu tinha engordado 15 kg, todo mundo falava sobre isso, até que eu falei: ‘Sim, engordei, mas eu estou finalmente vivendo. Eu passei por uma coisa muito grave e não me importo se estou ganhando peso. A única coisa que eu queria era estar viva. Como eu ia olhar para o meu corpo e me preocupar com isso?’”, relembra ela.
Foi dessa forma que Dora começou a se aceitar e passar a ter mais amor próprio.
Dora destaca que de uns tempos para cá, o termo “relacionamento abusivo” começou a ser banalizado e, por isso, ela explica exatamente o que é esse tipo de vivência. “A gente tem que saber diferenciar um relacionamento ruim com um homem machista de um relacionamento abusivo”.
Na relação abusiva, há manipulação e abuso psicológico. “Para você sair de um relacionamento assim, ou terminam com você ou você continua lá. Você não consegue abandonar tão facilmente assim”.
Atualmente, Dora segue usando suas redes sociais para falar sobre o assunto e aconselhar outras mulheres que passam por isso.
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