Doze fatos sobre puberdade precoce

Há pouco mais de um século, as meninas tinham sua primeira menstruação aos 17 anos, em média. Hoje, costuma ocorrer por volta dos 12 anos. Estudos também

Jairo Bouer Publicado em 04/07/2020, às 05h00

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Há pouco mais de um século, as meninas tinham sua primeira menstruação aos 17 anos, em média. Hoje, costuma ocorrer por volta dos 12 anos. Estudos também mostram que o desenvolvimento da mama nas meninas tem começado mais cedo. Mas será que é normal que os primeiros sinais da puberdade comecem a surgir já aos 7 anos de idade? Não, não é!

A puberdade é um processo marcado pelo aumento dos hormônios sexuais no sangue. Quem comanda tudo isso é o hipotálamo, no cérebro, que sintetiza o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) e faz a hipófise secretar o hormônio luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH). Estes dois hormônios, por sua vez, estimulam a produção de estradiol nos ovários, ou de testosterona nos testículos.

O natural é que a puberdade aconteça entre os 8 e 13 anos de idade para as meninas, ou entre 9 e 14 anos para os meninos. Qualquer sinal antes disso deve ser investigado, já que pode indicar a presença de alguma doença, tumor ou malformação. Mesmo quando não há uma causa que justifique o desenvolvimento antecipado, a puberdade precoce pode ter consequências significativas para a saúde física e mental dos jovens. Por isso, fique de olho em alguns fatos sobre a condição:

1) Os principais sinais da puberdade precoce são: nas meninas, aparecimento de mamas e/ou de pelos pubianos com menos de 8 anos de idade e/ou primeira menstruação antes dos 9 anos de idade. Ou aumento dos testículos e/ou aparecimento de pelos pubianos com menos de 9 anos para os meninos.

2) A puberdade precoce é muito mais frequente no sexo feminino, com uma proporção de 10 meninas para cada menino. A prevalência varia de 1 caso para 5.000 crianças para 1 caso para cada 10.000, a depender do país

3) As principais causas envolvidas na puberdade precoce são:

– Sobrepeso ou obesidade (o tecido adiposo interfere nos níveis hormonais)

– Genética (a probabilidade de ter puberdade precoce é maior nas meninas cujas mães menstruaram cedo ou que têm casos semelhantes na família paterna)

– Exposição a cremes, pomadas ou medicamentos hormonais usados pelos pais (reposição hormonal, por exemplo)

– Exposição a desreguladores endócrinos (substâncias presentes na poluição, em agrotóxicos e em alguns produtos industrializados, como cosméticos e o bisfenol A liberado por alguns plásticos

– Malformações congênitas do sistema nervoso central

– Tumores ou tratamentos prévios com radiação, traumas cranianos, ou infecções que afetam o cérebro (como a meningite)

– Doenças como a Síndrome de McCune-Albright, hiperplasia adrenal congênita e, em casos raros, hipotireoidismo

4) A puberdade precoce demora mais para ser diagnosticada nos meninos, já que é mais difícil para os pais e cuidadores reconhecerem o sintoma inicial mais comum, que é o aumento dos testículos. E atenção: embora menos frequente no sexo masculino, é mais provável que alguma malformação ou doença esteja por trás da puberdade precoce nos meninos.

5) A soja é um alimento que contém fitoestrógenos, e por isso pode interferir no perfil hormonal. Mas seria preciso que a criança consumisse uma quantidade muito elevada para ter qualquer problema.

6) Ver o próprio corpo mudar tanto antes e destoar dos colegas costuma ser fonte de vergonha ou angústia para as crianças, o que pode evoluir para sintomas depressivos. Além disso, há risco de bullying, discriminação e até de abuso sexual.

7) Estudos indicam que mulheres que tiveram puberdade precoce ou menstruaram cedo demais têm maiores taxas de depressão e ansiedade, além de menores níveis de escolaridade.

8) O crescimento, que se acelera no início da puberdade, tende a ser interrompido mais cedo quando o desenvolvimento é precoce, o que pode comprometer a altura final.

9) Existe uma relação entre puberdade precoce e doenças metabólicas e cardiovasculares, como obesidade e diabetes, além de risco mais alto para certos tipos de câncer.

10) Toda criança com sinais de puberdade precoce deve ser avaliada por um endocrinologista. Além do exame físico e análise do histórico médico e familiar, dosagens hormonais e exames de imagem podem ajudar no diagnóstico.

11) Quando não há uma causa tratável, é possível colocar um freio no desenvolvimento puberal com o uso dos chamados “análogos de GnRH”. Esse tratamento hormonal, que antes envolvia injeções diárias, hoje pode ser aplicado uma vez por mês ou a cada três meses, durante todo o período do tratamento.

12) O tratamento com análogos de GnRH é bastante seguro e não tem nenhum impacto futuro na fertilidadde dos pacientes. Mesmo assim, não deve ser prescrito apenas para garantir que o adolescente cresça mais.

* Apoio AbbVie

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