Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h39 - Atualizado às 23h54
Um estudo realizado nos Estados Unidos mostra que quase 2 em cada 5 garotas bissexuais são vítimas de estupro na faculdade, mostrando que essa é a população mais vulnerável quando se trata desse tipo de violência. Entre as alunas heterossexuais, 1 em cada 4 jovens vivencia a situação, e entre as lésbicas, a proporção é de 11%.
Na população masculina, os gays costumam ser as principais vítimas de estupro, numa proporção parecida à das garotas heterossexuais (cerca de 25%). Entre os bissexuais, a proporção é de quase 18% e, entre os heterossexuais, de pouco mais de 10%.
Os dados, preocupantes, foram publicados na revista científica Violence and Gender (Gênero e Violência, em inglês) nesta segunda-feira (30). Os autores, Jessie Ford e José Soto-Marquez, da Universidade de Nova York, utilizaram dados de uma pesquisa feita on-line com 21 mil estudantes de faculdade daquele país para chegar às conclusões.
O trabalho mostra que a maior parte das vítimas de abuso sexual mora em repúblicas ou fraternidades e participa da cultura de festas e “pegação”, que é comum nesse meio. As vítimas de abuso foram mais propensas a se dar notas um pouco mais altas na hora de descrever seu nível de atratividade física e também foram as que tinham maior número de parceiros sexuais. Ser atleta não foi associado à experiência do estupro, pelo menos neste estudo.
Por último, a pesquisa indica que vítimas de violência sexual são mais propensas a preferir a vida de solteiro e a acreditar que sexo não precisa ser feito com amor, em comparação com quem nunca passou pela experiência.
Além de chamar atenção para questões de gênero, o estudo faz a gente lembrar que a cultura do estupro não está enraizada apenas em países em desenvolvimento, como Brasil e Índia, nem em morros dominados por traficantes do Rio. Qualquer jovem pode ser vítima, e mudar essa realidade envolve a sociedade como um todo.