Educação sexual estimula uso de camisinha entre adolescente

Um dos maiores obstáculos para a implementação de programas de educação sexual em escolas ou comunidades, além da tradicional falta de recursos, é o

Jairo Bouer Publicado em 20/04/2020, às 19h27 - Atualizado às 19h37

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Um dos maiores obstáculos para a implementação de programas de educação sexual em escolas ou comunidades, além da tradicional falta de recursos, é o receio de que abordar o tema sirva de incentivo para o sexo. Um estudo publicado esta semana reforça que isso não acontece. Na verdade, o trabalho publicado no periódico Jama Pediatrics, revela que intervenções voltadas para saúde sexual na adolescência podem até aumentar a abstinência, além de estimular o uso da camisinha.

A pesquisa analisou 29 estudos, que envolveram, ao todo, 11.918 adolescentes negros norte-americanos com idade média de 12,5 anos. Essa população foi foco da equipe porque é mais afetada pelo risco de gravidez indesejada e infecções sexualmente transmissíveis (IST), nos EUA e em diversos outros países. Isso acontece devido ao racismo e à discriminação, bem como pela falta de acesso aos serviços de saúde.

Os autores do trabalho, da Universidade da Carolina do Norte, concluíram que os programas de educação sexual, seja na escola, centros comunitários ou clínicas, são uma ferramenta importante para lidar com essa desigualdade.

As intervenções estudadas foram variadas, e apenas uma delas era voltada para a abstinência. A maioria incluía o treino de habilidades como o uso correto da camisinha e conversas com o parceiro para negociar o uso de proteção. Uma parte menor dos programas envolvia também os pais dos adolescentes.

A maioria dos experimentos incluía acompanhamento por pelo menos 12 meses, por isso foi possível observar uma relação entre as intervenções e melhores resultados relativos a abstinência, número de parceiros sexuais, uso de camisinha, conhecimento sobre saúde sexual e maior intenção de se cuidar nesse sentido.

A equipe tentou averiguar o impacto nas taxas de ISTs e gravidez indesejada, mas apenas quatro dos 29 estudos traziam esse tipo de resultado, por isso não foi possível obter uma conclusão confiável.

Vale acrescentar que esses programas devem ir muito além dos aspectos biológicos, já que a sexualidade é muito mais abrangente do que isso. É preciso discutir questões como afeto, comunicação, segurança digital e outras questões contemporâneas.

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