Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h44 - Atualizado às 23h54
Uma experiência emocional intensa pode induzir estados no cérebro que persistem por algum tempo após o ocorrido. É o que descobriram cientistas da Universidade de Nova York. Segundo a pesquisa, publicada na revista Nature Neuroscience, o processo pode ser comparado à ressaca depois de uma bebedeira, e infuencia a forma como lembramos de experiências futuras.
Os neurocientistas envolvidos no trabalho explicam que a maneira como nos lembramos de eventos depende fortemente dos estados internos gerados pelos fatos, e não pelos fatos em si. São essas sensações duradouras que colorem as experiências que ocorrem logo em seguida, de acordo com os autores.
Explicando melhor: todo mundo sabe que experiências que geram emoções ficam mais tempo na memória. O que os pesquisadores descobriram é que as experiências neutras que se seguem às emocionais também são lembradas com mais facilidade.
Para chegar à conclusão, eles convidaram voluntários para visualizar uma série de imagens que continham conteúdo emocional. Cerca de 20 minutos depois, um dos grupos também visualizou uma série de imagens comuns. Já um outro grupo viu as cenas neutras e, em seguida, as que geravam emoções. Todos tiveram a excitação medida com eletrodos na pele e a atividade cerebral mensurada com ressonância magnética.
Seis horas mais tarde, os participantes foram submetidos a um teste de memória para averiguar quais as imagens ficaram na memória. Aqueles expostos ao conteúdo emocional se lembraram melhor das imagens neutras que vieram em seguida em comparação com o grupo que primeiro visualizou o conteúdo neutro.
A atividade cerebral dos voluntários indicou que os estados induzidos por experiências emocionais duraram de 20 a 30 minutos, o que influenciou a forma como eles processaram e registraram na memória as imagens neutras apresentadas em seguida. A descoberta pode resultar em estratégias para melhorar o aprendizado.