Especialista fala sobre os sinais da endometriose e cita as melhores maneiras de tratá-la
Redação Publicado em 03/03/2022, às 11h00
Segundo dados do Ministério da Saúde, uma a cada 10 mulheres entre 25 a 35 anos no Brasil sofre de endometriose, doença inflamatória do sistema reprodutor feminino. Essa condição acontece quando o endométrio, tecido que reveste o útero por dentro, se implanta em vários locais na cavidade abdominal, como ovário, intestino e bexiga.
Durante o mês de março, campanhas como o Março Amarelo, mês mundial de conscientização da endometriose, reforçam a importância dos cuidados com a saúde da mulher em relação à doença.
Entre os principais sintomas da endometriose estão as cólicas fortes, que podem impedir a mulher de praticar atividades comuns, como trabalho e exercícios físicos, e as dores abdominais frequentes, que também podem ocorrer fora do período menstrual. Além desses, também são comuns:
De acordo com Thiers Soares, especialista em cirurgia por vídeo e robótica, muitos casos demoram anos para serem diagnosticados. O atraso médio mundial é de oito anos entre as primeiras queixas e o diagnóstico definitivo.
A identificação acontece, muitas vezes, a partir de exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da pelve.
A demora em diagnosticar os focos da doença pode levar ao estado mais grave do quadro, quando é necessário partir para uma intervenção cirúrgica”, explica o médico.
Mesmo assim, é importante lembrar que a endometriose não tem cura. Ela é uma condição crônica, que deve ter acompanhamento constante.
No Brasil, 15% das mulheres, ou sete milhões, sofrem com a doença. Famosas, como a apresentadora Tatá Werneck, a cantora Wanessa Camargo e a atriz Malu Mader já relataram sofrer com a condição e recorreram à cirurgia para aliviar as dores.
Muitas mulheres manifestam o medo de não conseguirem engravidar devido à endometriose, mas Thiers afirma que com o tratamento adequado para cada caso é totalmente possível que a paciente tenha uma vida reprodutiva normal.
Primeiramente, é importante realizar um acompanhamento com o ginecologista para entender o grau da condição e como prosseguir com o tratamento. Muitas vezes, o uso do anticoncepcional para suspender a menstruação é adotado para reduzir as dores.
Mesmo assim, quando forem necessárias intervenções cirúrgicas, a ciência já avançou bastante para garantir procedimentos mais simples, que causem menos impacto na rotina. Em alguns casos, recomenda-se a videolaparoscopia, cirurgia para a retirada dos focos de endometriose espalhados pelos órgãos.
A maioria das pessoas não sabe, mas existem métodos minimamente invasivos para esse procedimento, como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica”, explica o especialista.
Essas técnicas têm um pós-operatório muito mais seguro, com menos tempo de internação, menos chance de infecção e trombose, retorno mais precoce às atividades diárias e ao trabalho, entre outras vantagens.
Com os avanços tecnológicos, atualmente, a robótica é a técnica mais moderna e chega como alternativa para diminuir a necessidade de procedimentos mais complexos. Diferente da videolaparoscopia, a modalidade traz a visão 3D para a rotina do cirurgião, com movimentos mais refinados e articulação dos instrumentos muito mais ampla em comparação com a videolaparoscopia. Apesar da facilidade, nem todos os profissionais estão aptos a trabalhar com o equipamento, sendo necessário uma habilitação especial.
Segundo o especialista, campanhas como o Março Amarelo ajudam no alerta para identificar a doença. “A informação é o primeiro passo para o diagnóstico precoce e, com isso, evitarmos o comprometimento da qualidade de vida das pessoas afetadas por essa doença tão enigmática”, afirma.
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