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Enjoa em viagens ou parque de diversões? Veja como lidar com o problema

A cinetose causa sintomas como enjoo, sudorese, tontura e dor de cabeça - iStock
A cinetose causa sintomas como enjoo, sudorese, tontura e dor de cabeça - iStock

Para muita gente, viajar de carro ou qualquer outro meio de transporte pode ser uma tortura por causa de sintomas como enjoo, sudorese, sonolência, tontura e dor de cabeça. Esse quadro associado ao movimento, chamado de cinetose, é mais comum em crianças e mulheres, embora também possa afetar homens e adultos.

“Os sintomas são desencadeados quando há algum conflito nas informações sensoriais relacionadas à visão, ao equilíbrio e à orientação espacial”, explica a otoneurologista Nathália Prudencio, especialista em tontura e zumbido. 

Embora o enjoo possa ocorrer em qualquer meio de transporte, a médica diz que o sintoma é mais comum em navios e menos frequente em aviões (onde a sensação de movimento é menor).

Videogame e realidade virtual também causam

No entanto, há outras situações em que o problema pode ocorrer, como brinquedos de parque de diversão, vídeos com movimentos rápidos ou videogames com perspectiva em primeira pessoa.

“Mais recentemente, usuários de tecnologias de realidade virtual também têm relatado quadros de cinetose durante a utilização desses dispositivos”, relata a especialista.

Fatores de risco

Nathália comenta que, ao se tratar de crianças, a tendência é que a condição melhore com o passar da idade.

Embora as causas não sejam bem esclarecidas, evidências sugerem que haja algum fator genético envolvido na predisposição, embora isso ainda não tenha sido comprovado.

Disfunções vestibulares (ou seja, no sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio e coordenação de movimentos), bem como ansiedade, depressão e alterações hormonais também aumentam o risco de cinetose.

O que fazer?

Felizmente, a cinetose pode ser minimizada, em algumas pessoas, com a exposição prolongada ao estímulo responsável por gerar os sintomas. Mas o problema às vezes pode persistir, ou retornar após um longo período sem se expor aos gatilhos.

“Apesar de geralmente não ser grave, a cinetose ainda pode causar um grande desconforto e até impedir o paciente de realizar certas atividades”, afirma a médica.

A seguir, veja algumas recomendações da especialista para ajudar a lidar com o quadro:

  • Optar por refeições mais leves antes de viajar
  • Manter o olhar fixo no horizonte
  • Permanecer em local com bom fluxo de ar
  • Respirar lentamente
  • Não ler ou usar o celular enquanto o veículo estiver em movimento
  • Se as crises forem muito frequentes, um médico pode recomendar o uso preventivo de medicamentos antidopaminérgicos e anti-histamínicos, que atuam nos receptores envolvidos na fisiologia da náusea e do vômito.

Em casos mais graves, Nathália diz que ainda é possível tentar a terapia de reabilitação vestibular, que consiste em exercícios que vão levar a pessoa a se habituar a estímulos específicos.

Outra dica importante é que os sintomas da cinetose são temporários. Se eles persistirem, ou aparecerem por motivos não relacionados ao movimento, é bom procurar o médico para checar se há alguma outra condição envolvida.

Não confunda com o "mal de desembarque"

Ela esclarece que a sensação de desequilíbrio que algumas pessoas relatam ao desembarcar de navios, carros ou aviões não tem a ver com a cinetose. A condição, nesse caso, é conhecida como “mal de desembarque”: É um quadro que começa justamente após a exposição ao movimento passivo, como uma viagem, e faz com que a pessoa sinta tontura em terra firme, como se o sistema vestibular tivesse se adaptado ao movimento que o paciente foi exposto e não conseguisse voltar ao normal”, diz a médica.

Por fim, ela ressalta que idosos sem histórico de cinetose que apresentem enjoo e tontura numa viagem devem buscar o médico, pois é raro que pessoas com mais de 50 anos desenvolvam o problema sem o terem enfrentado antes.

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin