Nos períodos em que as temperaturas estão mais elevadas é natural que as pessoas sintam sede e se lembrem de se hidratar. Porém, conforme a temperatura vai caindo, é comum ocorrer uma diminuição no consumo da água. Nessas horas, buscarem conforto em bebidas quentes como chás e cafés é algo corriqueiro. Porém, para o organismo funcionar adequadamente, o consumo de água é essencial em qualquer época do ano.
De acordo com Karoline Honorato, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera, existem diversos fatores que levam as pessoas a beberem menos água no frio, como a sensação de sede reduzida devido ao corpo diminuir a produção de suor, seja pelo clima ameno ou pela queda da prática de atividade física, além da menor percepção da desidratação. Tais fatores, isoladamente ou em conjunto, refletem consideravelmente na quantidade de hidratação de grande parte da população.
Não há nenhum problema em consumir sucos, chás e cafés, eles, inclusive, ajudam a se hidratar. No entanto, a hidratação promovida pela água não tem substituição, ressalta a professora de Nutrição da UniSociesc, Marina Koffke. Ela destaca que essas bebidas podem contribuir na hidratação ao longo do dia, da mesma forma que alguns alimentos, como frutas, verduras, legumes - especialmente se consumidos de in natura. Mas frisa que não há substituição para a água.
Marina lembra que as bebidas industrializadas devem ser evitadas por causa da grande quantidade de açúcar e outros aditivos, mas lembra que uma opção interessante pode ser o uso de águas saborizadas feitas em casa. “É uma excelente opção para quem tem mais dificuldade no consumo ou sente menos sede, como os idosos, por exemplo. Cortar uma fruta, colocar umas folhas de hortelã numa jarra ou na garrafa e ir completando com água ao longo do dia. É uma forma interessante de variar o sabor e consumir água”, sugere.
Karoline destaca que, apesar do cenário desafiador de consumo de água no frio, a água é indispensável para a manutenção da vida. “A quantidade de água existente no corpo dos seres humanos equivale a 75% do peso na infância e a mais da metade na idade adulta. Portanto, assim como a alimentação, a quantidade de água que precisamos ingerir por dia é oscilante e depende de vários fatores, tais como o clima e a temperatura do ambiente onde se vive”.
Órgãos de saúde, como a OMS (Organização Mundial da Saúde), recomendam uma quantidade adequada de consumo de água para adultos saudáveis. O cálculo sugerido é de 35 ml de água para cada quilo de peso. Uma pessoa de 60 quilos (35x60) teria o consumo indicado de 2,1 litros de água por dia ou, ainda, uma pessoa de 80 quilos (35x80), teria o consumo indicado de 2,8 litros de água por dia. “Por isso se fala para as pessoas consumirem pelo menos dois litros de água por dia, de forma geral”, diz Marina.
Ela explica que esse cálculo é uma média de quanto a pessoa perde de água por dia e precisa repor para manter o organismo saudável. Mas no caso daquelas que praticam esportes ou atividades físicas de grande esforço, essa quantidade de água por quilo de peso poderá ser muito maior. Há também pessoas com alguma condição de saúde específica em que a indicação de consumo é menor. Outro ponto é que durante uma infecção, como da gripe, da Covid-19 ou da dengue, por exemplo, o organismo vai se beneficiar de uma hidratação acima da média.
Karoline explica que o balanço diário de água é conduzido por sofisticados sensores localizados em nosso cérebro e nas demais partes do nosso corpo, e estes despertam sede e impulsionam as pessoas a ingerirem líquidos sempre que o consumo de água é insuficiente comparado com a quantidade de líquidos que é excretado pelo organismo.
“A perda de água acontece pela urina, assim como também por meio da respiração da pele diante da quantidade de calor gerada pelo corpo. Já a liberação de líquidos via cutânea depende, especialmente, da quantidade de calor gerada no corpo. Logo, em climas amenos a sede é reduzida e, consequentemente, a ingestão de água é menor”, salienta a nutricionista.
O que muitos não imaginam é que não tomar água ou a redução do seu consumo gera impactos na saúde digestiva, respiratória, cardiovascular e renal. “As pessoas precisam ter em mente que a água desempenha papel fundamental na manutenção do volume plasmático, atua no controle da temperatura corporal, age no transporte de nutrientes e na eliminação de substâncias não utilizadas pelo organismo”, enfatiza Karoline.
Neste cenário, a professora ressalta que é importante se atentar quando sentir sede e satisfazer de pronto a necessidade de água que o organismo está indicando. Além disso, boca e pele seca, urina mais escura que o normal, fadiga e fraqueza, tontura, dor de cabeça, cãibras musculares e batimentos cardíacos acelerados são sinais de alerta para a desidratação, o que aponta que o consumo de água está insuficiente.
Com o corpo hidratado, as atividades celulares e o transporte e absorção de nutrientes são facilitados, a digestão ocorre de maneira tranquila e o funcionamento dos rins é melhor. Hidratado, o corpo faz naturalmente a regulação da temperatura e da pressão arterial e até mesmo ajuda a controlar a frequência cardíaca. E tem ainda aqueles benefícios que você consegue enxergar, como a melhora da pele e dos cabelos, por exemplo.
A hidratação adequada, aliada a uma alimentação saudável, prática de atividade física e um sono reparador, serão grandes aliados da saúde geral do organismo. “Cansaço, fadiga, dor de cabeça podem ser alguns sintomas de desidratação, por exemplo. E vale ressaltar que podem ocorrer no dia a dia, em qualquer estação do ano. Ao primeiro sinal vale se perguntar se você está realmente cuidando da hidratação. Às vezes aquela dorzinha de cabeça é apenas falta de água”, alerta Marina.
Ela faz questão de observar que estes sintomas podem sim, ser indícios de algo mais grave, mas muitas vezes esta questão do consumo de água passa despercebida. “Mantenha a hidratação aliada a uma alimentação saudável e muitos problemas de saúde serão evitados. O consumo adequado pode contribuir ainda na prevenção de infecções urinárias, candidíase, intoxicações, pedra no rim, apenas para citar algumas”, aponta.
Marina finaliza, dando uma dica preciosa: “Ande sempre com uma garrafa de água por perto. Serve para adultos, para crianças, para idosos. Lembrando que idosos têm menos sensação de sede, então precisam de maior incentivo para o consumo. Assim, você vai consumindo ao longo do dia sem nem perceber.” A nutricionista explica ainda que é muito difícil que a pessoa consiga exagerar no consumo de forma natural no dia a dia, pois precisaria ser um consumo realmente muito elevado.
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Cármen Guaresemin
Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão. @Carmen_Gua