É impressionante como, de forma geral, quando o termo trombose é ouvido, automaticamente pensamos em pessoas mais idosas e temos uma grande percepção de medo. Mas você sabia que os atletas e jovens não estão imunes à trombose. Eles, assim como o resto da população, podem ter trombose e devem se proteger.
Mas o que é essa condição que tanto assusta, e nem de longe é exclusiva da terceira idade?
A trombose nada mais é do que o entupimento da passagem de sangue pelas veias profundas, geralmente das pernas, situação em que o sangue se coagula, vira uma gelatina, interrompendo o fluxo sanguíneo e causando problemas de circulação no membro envolvido, e aumentando o risco de embolia pulmonar, pelo desprendimento do trombo, podendo levar à morte súbita.
Sim, a trombose geralmente ocorre quando temos uma situação de risco associada a fatores que aumentam a predisposição.
As situações de risco mais comuns seriam as viagens longas, situações em que permanecemos muito tempo parados na mesma posição, internações hospitalares e cirurgias, além de situações de imobilização ou trauma.
Isoladamente, essas situações podem não ser suficientes para causar uma trombose, mas se associadas a pessoas com maior predisposição, podemos sim desencadear um quadro.
Mas quem tem mais predisposição?
Se pensarmos no esporte de forma geral, melhorando o fluxo sanguíneo, aprimorando o desempenho da massa muscular (da panturrilha), sim, a prática esportiva é uma aliada fantástica de combate à trombose.
Pequenos aumentos de massa muscular na panturrilha geram mudanças significativas na fração de ejeção, ou seja, de cada bombeamento de sangue que é feito pela batata da perna, acelerando o fluxo de sangue e diminuindo assim o risco.
Apesar do esporte ser uma prática positiva, alguns pontos para atletas de maior rendimento podem aumentar os riscos.
As viagens frequentes de avião para provas por si só já podem ser causa de aumento de risco.
Mas também precisamos pensar no risco associado a microtraumas vasculares e musculares devido a movimentos repetitivos, como por exemplo no tênis ou corredores de maratonas. Esses pequenos movimentos repetitivos associados ao impacto podem levar a microfraturas e lesões tanto direto nas veias como na musculatura que, sendo exposta a processos inflamatórios, pode comprimir algum vaso aumentando o risco à trombose.
A composição do sangue é essencial para mantê-lo líquido e fluindo, e todas as vezes onde mudamos sua composição, aumentamos os riscos, seja numa doença como a trombofilia, seja numa desidratação mais prolongada, que frequentemente pode acontecer num treino de endurance.
Atletas de alta performance frequentemente levam seus corpos ao limite, e às vezes se pensarmos numa prova, com longos períodos de tempo, em desidratação e esforço muscular repetitivo, podemos ter um prato cheio para o desenvolvimento de coágulos.
Hidratação adequada e intensa, uso de meias compressivas de proteção, além de técnica adequada são fundamentais para redução de risco, além de melhor recuperação posterior.
Mas, infelizmente, sempre que conversamos sobre alta performance, um ponto bastante importante a ser discutido se relaciona a aumento de risco infringido pelo uso de substâncias que vão melhorar rendimento, o doping.
Cada vez mais, até pelo fácil acesso, percebemos o uso indiscriminado de diversas substâncias no intuito de melhora de performance, ganho de massa muscular, em detrimento da saúde.
O uso de esteroides androgênicos, derivados da testosterona, aumentam o risco de miocardiopatia, trombose arterial e venosa. Uso de eritropoietina aumenta a produção de hemácias e pode aumentar o risco de infarto e favorecer a desidratação, levando à trombose.
E, hoje, o uso de testosterona de forma indiscriminada pelo sexo feminino, em busca de maior ganho de massa magra, é associado ao aumento de risco de trombose assim como as pílulas anticoncepcionais combinadas.
Enfim, identificar seus fatores de risco, consulta médica com especialista e prevenção sempre serão nossos maiores aliados, pois felizmente 80% dos casos de trombose são passíveis de prevenção, se identificados e tratados de forma correta.
*Aline Lamaita é cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. A médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular
Aline Lamaita
Cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, hoje dedica a maior parte do seu tempo à flebologia (estudo das veias). Possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo