Segundo neurocientistas, a dor da rejeição dura mais para quem sofre de uma depressão crônica ou subdiagnosticada
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h25 - Atualizado às 23h56
“Partir para outra” depois de ser rejeitado não é fácil para ninguém. Mas, para alguns, continuar sofrendo por um longo período mesmo sem ter chance nenhuma com a pessoa não é só uma questão de masoquismo. Segundo um estudo feito por neurocientistas, a tendência pode ter origem em uma depressão crônica ou não tratada.
De acordo com o trabalho, publicado no periódico Molecular Psychiatry, a dor da rejeição dura mais para essas pessoas, pois o cérebro delas libera menos opioides naturais, substâncias produzidas pelo próprio corpo que reduzem o estresse e os sintomas dolorosos.
Por outro lado, quando uma pessoa deprimida é correspondida amorosamente, ela se sente relativamente melhor do que uma pessoa saudável – mas só por algum tempo. Isso é algo que também pode ser explicado pelas diferenças no sistema opioide, segundo pesquisadores das universidades de Michigan, Stony Brook e Illinois, nos Estados Unidos.
Os autores comentam que fatores estressantes, como problemas amorosos, por exemplo, costumam agravar os sintomas de quem sofre de depressão e ansiedade. O organismo saudável, após uma rejeição social, costuma liberar os opioides da mesma forma que faz quando há dor física. Mas se a pessoa já estiver deprimida, o mecanismo não funciona adequadamente.
A descoberta abre portas para um possível novo alvo para os fármacos, o que pode ajudar pessoas com problemas psiquiátricos a lidar melhor com interações sociais negativas no futuro.