Redação Publicado em 05/05/2021, às 16h30
Uma nova pesquisa conduzida por psicólogos da Universidade de Bath e da Universidade de Cardiff – ambas no Reino Unido – analisou como a presença das crianças é capaz de infleunciar comportamentos de compaixão e caridade em adultos.
Para isso, foram feitos oito experimentos com mais de 2.000 participantes. De início, os pesquisadores pediram para os adultos descreverem como são as crianças típicas. Depois, indicaram quais eram as maiores motivações para valores compassivos, como ajuda e justiça social. Ao final, foi possível notar maior empatia com a situação de outros adultos.
Para entender melhor a pesquisa, um estudo de campo baseado nessas descobertas foi posto em prática. Os pesquisadores mostraram que pessoas que passavam por uma rua comercial na cidade de Bath eram mais propensas a doar para caridade quando mais crianças estavam por perto.
Quando nenhuma criança estava presente e todos os pedestres eram adultos, a equipe observou que uma doação era feita a cada dez minutos. Porém, quando havia tanto crianças como adultos na rua, os pedestres faziam duas doações a cada dez minutos.
Os achados – publicados na revista Social Psychological and Personality Science – sugerem que a presença de crianças pode estimular os adultos a se comportarem de forma mais generosa e doarem com mais frequência.
De acordo com os pesquisadores, esse “efeito de saliência infantil” era evidente entre os mais diversos grupos, como pais e não pais, homens e mulheres, jovens e mais velhos e até mesmo entre quem tinha atitudes relativamente negativas em relação às crianças.
Embora evidências anteriores já tenham mostrado que adultos são tipicamente mais úteis e empáticos com as crianças, nenhum estudo até o momento havia examinado se a presença delas sozinhas encorajaria os mais velhos a serem mais pró-sociais em relação aos outros.
A pesquisa, portanto, aborda essa lacuna e mostra que a presença dos pequenos provoca uma ampla motivação para o comportamento pró-social – isto é, ajudar, compartilhar, doar, cooperar e ser voluntário – em direção a causas não diretamente relacionadas às crianças.
Para os autores, esse potencial de efeito generalizado indica que a sociedade precisa considerar novas maneiras de envolver as crianças em diversos aspectos da vida.
As crianças são indiretamente dependentes de como os adultos se comportam uns com os outros e em relação ao planeta. Porém, essas mesmas crianças também são separadas de muitos ambientes adultos, como locais de trabalho e órgãos políticos, onde decisões importantes afetam seu futuro.
Segundo os pesquisadores, a constatação de que a presença de crianças motiva os adultos a serem mais compassivos com os outros exige maior integração delas em contextos nos quais os adultos tomam decisões importantes de longo prazo, como sobre as mudanças climáticas.
Várias iniciativas nos últimos anos foram estabelecidas para aumentar o alcance das vozes jovens, como os parlamentos infantis. O futuro trabalho dos pesquisadores envolvidos neste estudo tem o objetivo de analisar com mais detalhes a natureza do chamado “efeito saliência infantil” e suas ramificações para a sociedade e para o planeta.