No meio de tantas notícias falsas, dúvidas sobre o risco da doença sempre aparecem
Redação Publicado em 09/11/2021, às 14h00
Vivemos em uma época na qual as informações nos chegam de forma muito rápida graças à internet, às redes sociais, rádios, sites e televisão. Porém, no meio de tantas que recebemos, há muita fake news. Nem temas sérios, como a saúde, são poupados. Um dos assuntos que mais aparecem são doenças, o que as causam e, muitas vezes, maneiras absurdas de tratá-las. Dentro deste contexto, o câncer é um dos campeões de desinformação.
A seguir, você pode conferir alguns dados sobre o que existe de comprovado ou é apenas mito em relação à doença e seus riscos.
Apesar de toda a conversa - e e-mails e mensagens em cadeia - não há prova de que esses substitutos do açúcar aumentem o risco de câncer. A sacarina causou câncer em ratos, mas seus corpos reagem a ela de maneira diferente do nosso, dizem os pesquisadores. Não há um rótulo de alerta de câncer nesses produtos desde 2000 nos Estados Unidos, por exemplo. Um estudo com aspartame em pessoas também não encontrou nenhuma ligação conclusiva.
Seu dentista cobre você com um cobertor de chumbo por um motivo: a exposição desnecessária à radiação pode aumentar as chances de contrair câncer. Em geral, quanto maior a dose, maior o risco. Mas fazer exames de imagem na frequência recomendada pelo seu médico ou dentista não fará com que você tenha a doença.
Esse aparelho, que está com você o tempo todo, emite o mesmo tipo de energia dos fornos de micro-ondas. Apesar de existirem alguns estudos que relacionam o uso excessivo dos aparelhos e o risco de certos tipos de tumor cerebral, pesquisadores consideram que os resultados são inconclusivos. Para garantir segurança, use o celular para bate-papos curtos ou quando não houver telefone fixo por perto e utilize o viva-voz.
Quer seja processada ou vermelha, o consumo excessivo de carne pode prejudicar sua saúde. Apenas um cachorro-quente por dia pode aumentar suas chances de desenvolver câncer de cólon, segundo estudos. Carnes, frios e cachorros-quentes têm conservantes chamados nitritos, que causam câncer. Defumar carnes ou cozinhá-las em alta temperatura cria compostos chamados hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs). Estudos estão em andamento para aprofundar como eles afetam as pessoas.
Se o seu frasco for de plástico transparente, pode conter bisfenol A (BPA). Este produto químico é usado em recipientes de comida e bebida (exceto para mamadeiras), selantes dentários e outros produtos. Isso causa câncer? O FDA (a agência reguladora dos Estados Unidos, equivalente à Anvisa) diz que não, o BPA é seguro nos níveis atuais encontrados nos alimentos. Porém, há estudos que relacionam esse componente a outros problemas de saúde, como obesidade e infertilidade. Se você estiver preocupado, evite alimentos enlatados e guarde comida e bebidas em plástico transparente. Para alimentos quentes, use vidro ou aço.
Não, o ato em si, claro, não causa câncer. Mas um tipo de ISTs, sim. O papilomavírus humano (HPV), a infecção sexualmente transmissível mais comum, pode causar câncer cervical, entre outros. A maioria dos adultos que fazem sexo pegará esse vírus em algum momento. Mas nem todos terão câncer. Na maioria das vezes, o HPV desaparece sozinho. Para diminuir o seu risco, já há vacinas para este vírus. Além disso, use sempre preservativos durante o sexo e faça sexo seguro.
Não, não precisa ir ao dentista e pedir para que ele as remova e substitua. Especialistas dizem que são seguras. Estudos não encontraram nenhuma ligação entre obturações com mercúrio e câncer - ou qualquer outra doença.
Se você acha que seu dia realmente não começa antes de tomar uma “injeção de cafeína”, você vai adorar ler isso: uma nova pesquisa mostra que beber quantidades moderadas de café (cerca de quatro xícaras pequenas por dia) diminui o risco de alguns tipos de câncer, entre eles fígado, próstata, útero e alguns cânceres de boca e garganta. Mas todo exagero é contra-indicado, ainda mais para quem é sensível à cafeína ou sofre de gastrite.
Este tema é um dos campeões em desinformação. Não há estudos sólidos que apoiem as alegações de que desodorantes ou antitranspirantes podem causar câncer de mama. Esses dois produtos têm funções diferentes - o desodorante bloqueia o cheiro e o antitranspirante bloqueia o suor.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, existem estudos na literatura médica sobre cultura de células de camundongos que mostraram que o alumínio foi absorvido pela pele e causou alterações nas glândulas mamárias. Até o momento, porém, nenhum estudo epidemiológico realizado em seres humanos estabeleceu a mesma relação. Deste modo, não há fundamentação científica para associar os desodorantes ao câncer de mama.
Fluoreto é a forma iônica do flúor. Este composto é encontrado na água e em outras bebidas e em alimentos, cremes dentais e enxaguatórios bucais. Embora muitos estudos tenham procurado ligações entre ele e o câncer, a maioria dos pesquisadores diz que não há um vínculo forte.
Muitos pesticidas, tintas, vernizes e ceras emitem gases conhecidos como compostos orgânicos voláteis (VOC’s). Assim como alguns produtos de limpeza, cosméticos, automotivos e de lazer. Esses gases têm sido associados ao câncer em humanos e animais. Para reduzir o risco, escolha produtos com baixo teor de VOC e biodegradáveis, quando possível. Evite itens que incluem termos como "perigo, veneno", "altamente inflamável" ou "corrosivo" e, caso tenha que utilizá-los, siga todas as recomendações quanto ao uso de equipamentos de proteção, como luvas ou máscaras.
A poluição do ar causa mais de 220 mil mortes por câncer de pulmão em todo o mundo por ano (a maioria delas na Ásia). Também existe uma ligação entre o ar sujo e um maior risco de câncer de bexiga e doença de Alzheimer. Mas as chances são baixas. Para diminuí-las ainda mais, ouça os alertas locais de poluição atmosférica. Tente ficar dentro de casa nos dias em que a qualidade do ar estiver ruim.
Fontes: Minesh Khatri, professor assistente de medicina na Columbia University, certificado em nefrologia e medicina interna. Formado pela Duke University, com residência em medicina interna na Universidade de Washington/WebMD.
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