Estimular a memória de trabalho ajuda a controlar a impulsividade, o que evitaria o uso abusivo de substâncias mais tarde
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h20 - Atualizado às 23h57
A equipe, coordenada por Atika Khurana, avaliou quase 400 meninos e meninas de 11 a 13 anos em situação de risco. Eles foram acompanhados até o final da adolescência.
Estudos anteriores já indicaram que, quando jovens experimentam drogas muito cedo, o risco de se tornarem dependentes no futuro é muito alto. Apesar disso, há os que deixam de usar a substância conforme envelhecem. Para os pesquisadores, a memória de curto prazo pode ser um fator que colabora com isso.
Para comprovar a tese, a equipe aplicou quatro diferentes testes de memória nas crianças, no início da pesquisa, e acompanhou a evolução dos participantes em relação ao uso de drogas. No fim, ficou claro que os jovens que apresentaram bom desempenho nos testes foram os menos propensos a progredir no uso das substâncias.
A explicação, segundo os pesquisadores, é que regiões pré-frontais do cérebro, ligadas à atenção e à memória de curto prazo, são capazes de exercer controle sobre o comportamento impulsivo e a busca por recompensa imediata.
A descoberta sugere novas abordagens para a prevenção do uso de drogas. O trabalho, publicado na revista Development and Psychopathology, sugere que um ambiente familiar com rotinas estruturadas e estimulação cognitiva pode fortalecer a memória de trabalho em crianças já a partir dos 3 anos. Para as mais velhas, a indicação é de atividades que estimulam a competência social e a resolução de problemas.