Redação Publicado em 02/05/2022, às 14h30
Níveis elevados de ansiedade, depressão e estresse em mulheres durante a gestação podem alterar as principais características do cérebro fetal, o que, posteriormente, diminui o desenvolvimento cognitivo das crianças. A descoberta é de um estudo do Children’s National Hospital, publicado no JAMA Network Open, que acompanhou 97 gestantes saudáveis e seus bebês.
Os achados sugeriram, ainda, que o sofrimento psicológico persistente após o nascimento pode influenciar a interação “pais-filho” e a autorregulação infantil (a capacidade de adequar comportamentos e emoções a diferentes contextos).
A equipe observou que, no útero, houve alterações na profundidade sulcal e no volume hipocampal esquerdo, o que poderia explicar os problemas de neurodesenvolvimento vistos após o nascimento. Uma vez que os bebês se tornam crianças, podem ter problemas socioemocionais persistentes e dificuldade em estabelecer relações positivas com outras pessoas, incluindo suas mães.
Assim, segundo os pesquisadores, ao identificarem as gestantes com níveis elevados de sofrimento psíquico, os médicos poderiam reconhecer os bebês que estão em risco de comprometimento neurodesenvolvimentista posterior maior, se beneficiando de intervenções precoces e direcionadas.
Confira:
Independentemente do status socioeconômico, estima-se que uma em cada quatro gestantes sofre de sintomas relacionados ao estresse, a complicação mais comum na gravidez.
A relação entre o desenvolvimento do cérebro fetal alterado, o sofrimento psíquico materno pré-natal e os desfechos neurodesenvolvimento a longo prazo permanecem desconhecidos. Estudar essa questão é um grande desafio devido aos movimentos fetais e maternos, às tecnologias de imagem, aos problemas de relação sinal-ruído e às alterações no crescimento cerebral.
Para quantificar o estresse materno pré-natal, a ansiedade e a depressão, os pesquisadores utilizaram questionários. Os volumes cerebrais fetais e a dobra cortical foram medidos a partir de imagens tridimensionais reconstruídas derivadas de ressonâncias magnéticas. Já o neurodesenvolvimento infantil de 18 meses foi medido por escalas e avaliações.
A equipe envolvida na pesquisa também constatou que a saúde mental materna, mesmo em mulheres com alto nível socioeconômico, tem grande poder de alterar a estrutura e a bioquímica do cérebro fetal em desenvolvimento. As evidências crescentes ressaltam a importância do apoio à saúde mental das gestantes.
Para os pesquisadores, o que está claro é que intervenções precoces podem ajudar as mães a reduzirem o estresse, impactando positivamente os sintomas e, consequentemente, o bebê após o nascimento.
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