Muita gente descobriu a resposta para essa pergunta no início da pandemia de Covid-19
Redação Publicado em 06/10/2023, às 10h00
Muita gente costuma culpar o estresse pelos quilos a mais na balança e, principalmente, pelos centímetros a mais em volta da cintura. Mas será que o excesso de trabalho e preocupações pode, mesmo, ter essa consequência no nosso corpo?
Alguns estudos mostram que, sim, um período de vida estressante pode levar muita gente a comer mais e armazenar mais gordura. E o que é pior: essa adiposidade tende a ficar concentrada no tronco, perto de órgãos vitais – a chamada "gordura visceral" é famosa por ser mais prejudicial à saúde.
Uma pesquisa publicada em 2011, por exemplo, sugere que o estresse faz as pessoas comerem mesmo sem estar com fome, possivelmente para "alimentar" nosso sistema de recompensa no cérebro. Em momentos de tensão, muita gente relata o desejo aumentado por salgadinhos, guloseimas e álcool, o que só piora a situação.
Pesquisadores do tema tiveram uma ótima oportunidade de verificar o impacto do estresse na obesidade no ínicio da pandemia de Covid-19, quando muita gente ficou em casa, com medo de adoecer e, ao mesmo tempo, de perder sua fonte de renda. Um desses trabalhos, publicado em 2021, analisou dados de 15 milhões de pacientes, nos EUA, comparando o ano anterior ao início da pandemia e a mudança de peso ao longo da fase mais intensa de isolamento social.
De acordo com os dados, 39% das pessoas ganharam peso durante esse período – nesse caso, ganho de peso foi definido como uma mudança acima da flutuação normal de 2,5 quilos. Dessas, 27% ganharam menos de 12,5 quilos e 10% engordaram mais de 12,5 quilos, sendo que 2% ganharam mais de 27,5 quilos.
Há evidências de que o estresse e os altos níveis de cortisol estão ligados ao aumento da gordura abdominal, o que aumenta consideravelmente o risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2.
Para adicionar mais um item a essa lista de impactos negativos do estresse sobre o corpo, ter grande quantidade de cortisol pode reduzir a massa muscular, e isso impacta a taxa metabólica. Quanto menos massa muscular uma pessoa tem, menor será sua taxa metabólica e menos calorias ela queima em repouso.
Algumas pessoas, em contrapartida, respondem ao estresse com uma redução no apetite. Elas ignoram suas sugestões de fome e, dessa forma, podem perder peso em momentos estressantes e desafiadores.
A pesquisa citada anteriormente, por exemplo, também revelou que 35% dos pacientes perderam peso durante o primeiro ano da pandemia. É importante lembrar que poucos indivíduos reclamam quando perdem peso e, por isso, a tendência é ouvirmos menos sobre essa queixa.
As razões para isso acontecer são provavelmente multifacetadas. É possível que as pessoas tenham se movimentado bem menos na pandemia. Assim, perderam massa muscular e ganharam gordura, sendo que gordura pesa menos que músculo.
Outra explicação é que os indivíduos passaram a priorizar sua saúde e começaram a ter mais controle sobre os alimentos ingeridos. Em um contexto de isolamento social, muitos decidiram preparar a própria comida em vez de ir a restaurantes, e refeições caseiras tendem a ser mais saudáveis.
Um estudo da Universidade de Minnesota (Estados Unidos), por exemplo, acompanhou os hábitos alimentares e a saúde de 3.031 pessoas durante 15 anos: aqueles que comiam fast food duas ou mais vezes por semana ganhavam 10 quilos a mais do que aqueles que raramente comiam dessa forma. Em outro estudo da mesma universidade, mulheres que saíram para fast food uma vez a mais por semana, durante um estudo de três anos, engordavam 1,6 quilos a mais.
Além disso, alguns indivíduos aproveitaram o fato de ter passado mais tempo em casa como uma oportunidade para fazer exercícios e focar em sua forma física, nutrição e sono. Essas pessoas provavelmente perderam peso.
As principais recomendações para evitar que o estresse tenha impacto negativo nos seus hábitos e no seu metabolismo são, antes de tudo, buscar maneiras de gerenciá-lo melhor. Aprender a delegar tarefas, pedir ajuda e priorizar o que é importante podem fazer muita diferença no dia a dia.
Outra dica é dar a devida importância ao sono, já que dormir mal também faz com que o apetite por alimentos gordurosos e açucarados aumente. Diversos estudos já apontaram essa relação entre privação de sono e obesidade.
Por fim, a atividade física é um antídoto perfeito tanto para o estresse, quanto para o ganho de peso. Fazer exercícios ajuda a regular o apetite e a baixar os níveis de cortisol, sem contar que favorece a qualidade do sono.
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