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Estudantes explicam abstenção no Enem: "Medo de ficar doente"

Ministro da educação diz que parte da culpa das abstenções é da mídia - iStock
Ministro da educação diz que parte da culpa das abstenções é da mídia - iStock

Giulia Poltronieri Publicado em 22/01/2021, às 17h25

Apesar da importância do Enem para quem planeja entrar em uma faculdade pública, a primeira prova, realizada no último domingo (17) teve número recorde de abstenções: 2,8 milhões de inscritos decidiram não comparecer, o que equivale a mais da metade dos inscritos. O medo da Covid-19 foi apontado como principal razão apontada por estudantes ouvidos pelo site Doutor Jairo. A próxima e última prova acontece neste domingo (22).

O estudante Deivid dos Santos, de 18 anos, faria o exame pela segunda vez, mas foi uma das pessoas que não compareceu. "Desisti devido ao risco do coronavírus", explica ele. Deivid comenta que se sentiu mal com a decisão, pois foi um ano de vestibular perdido. Além dele, muitos de seus amigos também não foram fazer a prova.

A estudante Bruna Tavares, também de 18 anos, comenta que passou pela mesma situação: "Desisti uma semana antes porque consegui vaga em uma faculdade pelo vestibular, mas, além disso, eu nem sabia como ia funcionar o calendário do Sisu e do Prouni, então provavelmente eu ia ficar parada", conta. "Me senti mal [com a decisão], porque penso que poderia passar numa universidade pública, mas desisti por medo de ficar doente. É horrível, porque eu poderia ter conseguido algo bem melhor, mas às vezes a gente precisa abrir mão de algumas coisas".

Diferente de Bruna, seu amigo arriscou fazer a prova e contou que, pelo menos no local em que esteve, as medidas de segurança não estavam sendo tomadas. Segundo ele, não havia álcool-gel disponível nos corredores, o distanciamento não estava sendo respeitado e as salas estavam cheias. Além disso, o estudante afirmou que a temperatura dos alunos não estava sendo medida.

Enem anterior

A situação vivida em 2021 é preocupante para os estudantes e deveria acender um alerta vermelho para o governo. Em 2019, por exemplo, o Enem já havia tido a menor taxa de abstenções de toda a sua história. Foram 23% naquele ano, contra 51,5% neste.

Em entrevista coletiva, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, colocou uma parte da culpa das desistências na mídia. "Tivemos uma abstenção grande, em parte pela questão do medo da contaminação e em parte por um trabalho de mídia muito grande contra o Enem, de maneira muito injusta não foi feito o mesmo trabalho contra a Fuvest ", disse ele.

Vale lembrar que, dias antes da prova, houve uma manifestação geral nas redes sociais pedindo para que o Inep adiassse o exame novamente, o que não ocorreu.