Estudar uma segunda língua favorece a função cognitiva de idosos

Pesquisa sugere que aprender um novo idioma traz melhorias para o cérebro mesmo sem ser totalmente bilíngue

Redação Publicado em 25/10/2021, às 17h30

Evidências mostram que falar mais de uma língua tem um efeito protetor na saúde do cérebro - iStock

Aprender uma segunda língua pode ser uma maneira eficaz e agradável de melhorar a saúde cerebral de idosos, sugere um estudo conduzido pelo Centro de Cuidados Geriátricos Baycrest e pela Universidade de York (Canadá).

As descobertas revelaram que idosos que estudaram espanhol, assim como aqueles que se envolveram em atividades de treinamento do cérebro, apresentaram melhorias em certas habilidades cognitivas.

Segundo os pesquisadores, os resultados são notáveis, visto que o treinamento do cérebro se concentra especificamente em melhorar determinados aspectos da cognição, enquanto o aprendizado da linguagem não. Da mesma forma, os participantes que aprenderam espanhol relataram maior prazer do que aqueles que se dedicaram ao treinamento do cérebro.

O bilinguismo 

O estudo tinha como objetivo analisar se o processo de aprendizagem de uma língua pode beneficiar a saúde cerebral de maneiras semelhantes ao bilinguismo (saber falar mais de um idioma). 

Evidências sugerem que o bilinguismo tem um efeito protetor na saúde cerebral, com pessoas bilíngues desenvolvendo demência mais tarde quando comparadas aos que falam apenas um idioma. No entanto, pouco se sabe sobre o impacto cognitivo do processo de aprender uma segunda língua sem se tornar totalmente bilíngue.

Os pesquisadores explicaram que os participantes do estudo mostraram melhorias cognitivas significativas sem se tornarem fluentes em espanhol, sugerindo que um indivíduo não precisa ser totalmente bilíngue para se beneficiar do aprendizado de um novo idioma. 

Confira:

Análise dos grupos

Para a pesquisa, participaram 76 idosos entre 65 e 75 anos. Todos falavam apenas um idioma, eram cognitivamente saudáveis, nunca haviam estudado formalmente o espanhol e nenhuma outra língua nos últimos dez anos. 

Todos os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos: aprendizagem de idioma, treinamento cerebral ou para uma lista de espera (o grupo controle que permaneceu sem aprender o idioma e fazer o treinamento). 

Durante 16 semanas, o grupo da aprendizagem de idioma passou 30 minutos por dia, cinco dias por semana, aprendendo espanhol em um aplicativo de celular. O grupo do treinamento cerebral seguiu o mesmo cronograma, mas utilizou a plataforma BrainHQ

A equipe avaliou o desempenho dos participantes em tarefas cognitivas específicas antes e depois das 16 semanas. Ao final da intervenção, também foi medida a adesão dos participantes ao cronograma de aprendizagem e o prazer que sentiram ao seguir o programa. 

Benefícios e maior prazer

Os pesquisadores observaram que os participantes do grupo de aprendizagem de idioma apresentaram melhorias semelhantes aos do treinamento cerebral em duas áreas de cognição: memória de trabalho e função executiva – ou seja, a capacidade de gerenciar informações conflitantes, manter o foco e evitar distrações.

Em contrapartida, apenas o grupo de treinamento cerebral apresentou melhorias na velocidade de processamento. Esse resultado era esperado, uma vez que o treinamento cerebral visa especificamente essa habilidade, adicionando pressão de tempo a cada atividade, enquanto as configurações de aprendizagem de idioma utilizadas neste estudo não incluíam tal pressão.

Além disso, o grupo de aprendizagem de idioma relatou mais prazer em seu programa do que o grupo de treinamento cerebral, dado que pode ter interferido na adesão: o grupo de aprendizagem de idioma seguiu o cronograma de forma mais consistente do que os participantes do treinamento cerebral.

Segundo os pesquisadores, para além dos benefícios cognitivos, aprender uma segunda língua pode enriquecer a vida dos idosos de outras maneiras importantes, por exemplo, levando a novas amizades ou abrindo as portas para uma nova cultura ou viagens. 

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