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Como evitar que notícias de saúde falsas se espalhem? Estudo dá a dica

Classificar as notícias como "suspeita" ou "não verificado" pode ajudar - iStock
Classificar as notícias como "suspeita" ou "não verificado" pode ajudar - iStock

Redação Publicado em 02/03/2021, às 12h00

Um novo estudo desenvolvido por pesquisadores de jornalismo e comunicação de massa da Universidade do Kansas, nos EUA, examinou o que faz as pessoas acreditarem em informações falsas sobre saúde. E reforçou a ideia de que grandes empresas de tecnologia têm a responsabilidade de ajudar a evitar a disseminação de notícias enganosas

Os estudiosos compartilharam uma “fake news” com mais de 750 participantes que dizia que a deficiência de vitamina B17 poderia causar câncer. A partir disso, eles analisaram se a forma como a informação era apresentada – credenciais de autores, estilo de escrita e artigo classificado como “suspeito” ou “não verificado” – afetava a percepção das pessoas sobre a veracidade da informação e a decisão de aderir às recomendações ou compartilhar o fato em suas redes sociais

Os resultados mostraram que a forma de apresentação da notícia e dos autores não influenciou a avaliação sobre a credibilidade da notícia, mas o sistema de verificação adotado por algumas empresas, isso sim, desempenhou um papel importante. 

Como o estudo foi feito?

A equipe compartilhou oito versões de um artigo com informações falsas com os participantes, que foram escolhidos aleatoriamente. O texto alegava que a vitamina B17, que não existe, poderia ser uma causa de câncer

Uma das versões incluía a assinatura de um médico com uma breve descrição das suas credenciais. Em outra, a autora era apresentada como mãe de dois filhos com formação em redação criativa. Algumas versões seguiram o clássico estilo jornalístico, enquanto as demais utilizaram uma linguagem mais informal. 

Segundo os pesquisadores, a ideia era testar habilidades nos participantes que, muitas vezes, são ensinadas em programas de treinamento em cidadania digital em todo o mundo: identificação das credenciais dos autores, estilo de escrita, e selos ou avisos que classifiquem a notícia como "verificada".

Resultados

Os pesquisadores avaliaram que os leitores não estão preparados para determinar quais notícias são falsas e quais são verdadeiras. Isso porque é necessário um trabalho mental ao julgar a credibilidade de uma informação e, geralmente, ao navegar na internet, as pessoas tendem a acreditar que grandes empresas de tecnologia fazem esse trabalho por elas.

Aqueles que apresentaram mais experiência no uso da tecnologia e das mídias sociais avaliaram as informações com mais cuidado e foram menos propensos a compartilhar a notícia falsa.

O interesse dos entrevistados em conteúdos da área da saúde não desempenhou grande influência na análise da veracidade da informação. Entretanto, os que manifestaram maior interesse no tema foram mais propensos a compartilhar notícias, verdadeiras ou falsas

Os resultados mostraram, ainda, que tanto as credenciais dos autores, quanto o estilo do texto não produziram diferenças significativas na percepção da veracidade, na tendência a aderir às recomendações ou compartilhá-las. Porém, aqueles que viram o artigo com o aviso de que as informações não tinham sido verificadas tinham menos tendência a tomá-las como verdadeiras, aderir às sugestões e espalhar o texto para outras pessoas.

O perigo das notícias falsas

A pesquisa mostra que até mesmo "fake news" sobre assuntos aparentemente inofensivos podem trazer riscos. Segundo os autores, falar sobre vitamina B17 parece não ter muita relevância, mas as pessoas acreditaram. Muitos leitores podem gastar tempo, dinheiro e esforços para evitar uma doença, e isso pode ser perigoso se o indivíduo não tiver acompanhamento de um profissional de saúde e esbarrar em informações falsas na internet

Além disso, o estudo também alerta para a importância da classificação das notícias compartilhadas nas mídias sociais. O simples fato de indicar se aquela informação é falsa, verdadeira ou ainda não foi verificada pode ter impacto nas percepções e atitudes dos leitores. 

Os resultados reforçam a importância de grandes empresas de tecnologia, como as plataformas de redes sociais, verificarem as informações que circulam nesses ambientes, ou rotularem o conteúdo como não verificado ou perigoso, garantindo a segurança dos usuários.