Um estudo norte-americano mostra que ser humilhado ou agredido pelos colegas na internet, fenômeno conhecido como cyberbullying, pode causar problemas
Jairo Bouer Publicado em 08/01/2020, às 18h38
Um estudo norte-americano mostra que ser humilhado ou agredido pelos colegas na internet, fenômeno conhecido como cyberbullying, pode causar problemas psicológicos e comportamentais no futuro, como depressão, abuso de substâncias e até mesmo estimular a prática de sexo sem camisinha com múltiplos parceiros.
Em 2015, cerca de um terço dos estudantes de 14 a 15 anos, nos EUA, afirmaram ter feito sexo nos meses anteriores. Desse total, 43% admitiram não ter usado camisinha, 21% estavam bêbados ou tinham usado drogas antes de transar, e 14% dispensaram qualquer método contraceptivo. A título de comparação, dados brasileiros indicam que seis em cada 10 jovens de 15 a 24 anos têm relações sexuais desprotegidas.
Outras pesquisas já tinham sugerido que adolescentes do sexo masculino submetidos ao cyberbullying são mais propensos a ter comportamento sexual de risco que garotas na mesma situação. Essa diferença reflete a questão da masculinidade tóxica, e ressalta a necessidade de se dar atenção adequada a essas vítimas, que têm um risco mais alto de contrair infecções sexualmente transmissíveis.
O trabalho atual reuniu pesquisadores das universidades de Tennessee, Missouri e Lousiana, foi publicado no International Journal of Adolescent Medicine and Health. Os autores analisaram diferenças de gênero em relação a quatro tipos diferentes de vitimização por pares – bullying na escola, cyberbullying, violência física e abuso sexual. Foram levados em conta dados de 5.288 indivíduos, uma amostra representativa dos norte-americanos daquela faixa etária.
Os resultados mostram que todos os tipos de vitimização deixaram garotos e garotas propensos a sintomas depressivos. Ser abusado (a) física ou sexualmente por colega também foi ligado a comportamento sexual de risco, como ter vários parceiros e não usar camisinha. Já a relação entre essas atitudes e o cyberbullying foi mais forte para os garotos, principalmente os que apresentavam sinais de depressão.
Muitos jovens têm vergonha de denunciar casos de bullying na internet por receio de terem sua sexualidade julgada. Por isso é fundamental que esses garotos tenham um espaço privado para dividir essas experiências. No Brasil, a SaferNet (safernet.org.br) oferece orientação de forma anônima e sigilosa, e também canais de denúncia por chat, e-mail, telefone e redes sociais.