Os resultados servem de alerta para quem consome esses produtos sem acompanhamento médico ou nutricional
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h26 - Atualizado às 23h56
Um estudo associou o consumo de suplementos para fortalecimento muscular ao risco de câncer de testículo. E a propensão foi maior para homens que tinham iniciado o uso antes dos 25 anos.
O trabalho, publicado no British Journal of Cancer, avaliou suplementos em pílulas e em pó com creatina ou adrostenediona, um hormônio esteroide.
Segundo o autor sênior do estudo, Tongzhang Zheng, a relação entre câncer e o uso de suplementos foi forte, especialmente para quem utilizava os produtos por muito tempo.
A incidência de câncer testicular aumentou de 3,7 casos por 100.000 homens, em 1975, para 5,9 casos por 100.000 homens, em 2011. Os cientistas não sabem explicar esse crescimento.
Este é o primeiro estudo epidemiológico a analisar a possível ligação entre suplementos e câncer testicular, segundo os autores. O trabalho foi inspirado pela suspeita de que certos componentes desses suplementos pudessem interferir nas células testiculares.
Para comprovar a hipótese, os pesquisadores entrevistaram 900 homens de dois Estados americanos – 356 diagnosticados com câncer de testículo e 513 sem a doença. Além do uso dos suplementos, foi avaliado outros possíveis fatores de risco, como tabagismo, consumo de bebida, sedentarismo e histórico familiar.
Isolados esses fatores, os usuários de suplementos apresentaram um risco 65% maior de câncer testicular em comparação com homens que não usam. A taxa aumentou para 2,77 entre homens que usaram mais de um tipo de suplemento, e para 2,56 entre quem usou os produtos por três anos ou mais.
Os autores ressaltam que estudos mais amplos e análises laboratoriais são necessários para estabelecer uma relação entre os suplementos e o câncer. Mas os resultados servem de alerta para quem usa esses produtos, especialmente para quem consome sem acompanhamento médico ou nutricional.