Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h20 - Atualizado às 23h57
Um estudo feito em ratos mostra que a testosterona aumenta o risco de tumores de próstata e agrava os efeitos da exposição a substâncias químicas cancerígenas. O autor do trabalho, publicado na revista Endocrinology, diz que os resultados servem de alerta para que os homens não usem o hormônio para combater sintomas normais do envelhecimento.
O número de homens que iniciaram a reposição de testosterona para ganhar mais energia e vitalidade quadruplicou nos Estados Unidos desde o ano 2.000, apesar das discussões sobre o potencial risco cardiovascular da terapia.
As diretrizes da Sociedade Americana de Endocrinologia recomendam o uso de testosterona apenas em homens que apresentam hipogonadismo, disfunção caracterizada por baixos níveis do hormônio, redução da libido e disfunção erétil, entre outros sintomas.
Segundo o autor do estudo, Maarten Bosland, da Universidade de Illinois, em Chicago, a testosterona sozinha é uma substância cancerígena fraca para ratos machos. Mas, combinado com produtos químicos causadores de câncer, o hormônio cria um ambiente perfeito para o desenvolvimento dos tumores. Ele diz que se isso for comprovado também em humanos, há sérios motivos para se preocupar.
Parte dos ratos receberam implantes de testosterona de liberação lenta e, antes disso, injeções de uma substância carcinogênica chamada MNU. Os animais foram comparados a um grupo controle que recebeu apenas a substância química e implantes vazios.
Entre os ratos que receberam apenas testosterona, 10 a 18% desenvolveram tumores de próstata. Já entre os ratos expostos ao hormônio e ao MNY, 50 a 71% deles tiveram câncer, não só na próstata, mas também em outras partes do corpo. E os tumores apareciam mesmo com doses baixas de testosterona.
Bosland diz que, como o aumento da terapia com testosterona ainda é recente e o câncer de próstata demora para se desenvolver, ainda não há dados para determinar o risco do uso de hormônio em humanos. Mas ele acha que, enquanto esses estudos são feitos, o ideal seria limitar a terapia de reposição em homens com hipogonadismo, e evitar o uso da testosterona em homens que buscam apenas ter mais vitalidade.