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Estudo encontra 6 subtipos diferentes de depressão

Para até quatro em cada 10 pacientes, o tratamento não funciona na primeira tentativa - iStock
Para até quatro em cada 10 pacientes, o tratamento não funciona na primeira tentativa - iStock

Estudos com exames de imagem cerebral sugerem que existem seis tipos distintos de ansiedade e depressão, uma descoberta que pode levar a melhores tratamentos para pessoas com problemas de saúde mental.

Muita gente que sofre com essas condições precisa passar por diferentes tratamentos, que incluem psicoterapia e medicamentos, até encontrar um que funcione.

Evidências sugerem que até quatro em cada 10 pacientes não encontram um tratamento que funcione na primeira tentativa, o que pode deixá-los sofrendo por mais tempo.

Imagens cerebrais

Agora, uma equipe de cientistas dos EUA e da Austrália usou a tecnologia de exames com imagens cerebrais para encontrar novos tipos específicos de depressão e ansiedade, na tentativa de um dia ajudar a acelerar esse processo.

Para fazer isso, eles coletaram dados de uma amostra de 1.051 pacientes com depressão e ansiedade, 850 dos quais não estavam sendo tratados no momento.

Os pacientes tiveram exames cerebrais feitos enquanto estavam em repouso e quando solicitados a realizar uma tarefa emocional, como reagir a fotos de pessoas tristes.

Seis subtipos diferentes

Especialistas da Universidade de Sydney e da Universidade de Stanford, na Califórnia, compararam esses resultados entre os pacientes e também entre os pessoas saudáveis ​​para detectar quaisquer diferenças.

O objetivo era descobrir se diferentes partes do cérebro "acendem" entre os pacientes, mostrando que seções do órgão estavam se comportando de forma diferente entre alguns participantes.

Eles também avaliaram os sintomas de depressão e ansiedade de cada participante, como insônia ou sentimentos de suicídio, para também identificar quaisquer sinais comuns entre pacientes com resultados de exames cerebrais semelhantes.

O resultado final foi que os cientistas conseguiram agrupar os pacientes e dividir a depressão e a ansiedade em seis subtipos diferentes. Eles foram chamados de DC+SC+AC+, AC−, NSA+PA+, CA+, NTCC-CA− e DXSXAXNXPXCX.

Os subtipos foram distinguidos nos exames cerebrais por certas vias de neurônios que eram hiper ou subativas quando em repouso ou diante de certos estímulos.

Exemplos de subtipos

Por exemplo, descobriu-se que os pacientes CA+ (258 deles) tinham um circuito de controle cognitivo hiperativo, a parte do cérebro responsável pelo planejamento e preparação.

Já os pacientes DC+SC+AC (169 participantes) tiveram respostas mais lentas do que o normal quando se tratava de reconhecer fotos de pessoas tristes.

Alguns também tiveram diferenças nos sintomas. Por exemplo, os pacientes DC+SC+AC+ sofreram maiores lapsos de concentração e impulsividade em comparação com outros grupos.

Por outro lado, os pacientes NSA+PA+ (154) tiveram anedonia muito mais grave, que é um termo clínico para alguém com falta de interesse, prazer ou satisfação com as experiências da vida.

Terapia ou medicação mais eficaz

Na parte final do estudo, os cientistas também examinaram se, entre os pacientes que recebiam terapia ou medicação, qualquer um deles parecia ser mais eficaz entre certos subtipos.

Eles descobriram que os pacientes DC+SC+AC+ responderam melhor ao tratamento comportamental, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), em comparação com os outros subtipos.

Este foi particularmente o caso para pacientes AC− (161) que, em contraste, tiveram a pior resposta de qualquer grupo ao tratamento comportamental.

Outra diferença fundamental identificada foi que os pacientes CA+ tiveram uma resposta melhor quando prescrito o antidepressivo venlafaxina.

Os autores do estudo, publicado na Nature Medicine, disseram que encontrar diagnósticos mais específicos para depressão e ansiedade e, por extensão, quais tratamentos eram mais eficazes para cada tipo, melhoraria os resultados para os pacientes.

Os autores observam que a abordagem diagnóstica dominante leva a um ciclo entre as opções de tratamento por tentativa e erro, o que é demorado, caro e frustrante, sendo que 30–40% dos pacientes não alcançam a remissão após tentar um tratamento.

Apesar dos resultados promissores, os autores recomendam cautela e lembram que outros estudos precisariam replicar suas descobertas.

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin