Estudo liga pornografia em excesso a problemas de ereção

Um estudo mostra que apenas 65% dos homens consideram que transar com alguém de verdade é melhor do que assistir a vídeos pornográficos. Isso indica que

Jairo Bouer Publicado em 16/07/2020, às 20h02 - Atualizado em 21/07/2020, às 19h08

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Um estudo mostra que apenas 65% dos homens consideram que transar com alguém de verdade é melhor do que assistir a vídeos pornográficos. Isso indica que muitos consumidores assíduos desse tipo de conteúdo têm uma certa insatisfação com o sexo “real”, que pode ser bem diferente daquele encontrado na internet. E mais: o consumo excessivo de pornografia pode ter relação com uma piora na função erétil.

As conclusões acima serão apresentadas no congresso online da Associação Europeia de Urologia, que acontece neste fim de semana. Elas foram obtidas após a análise de um longo questionário respondido por 3.267 homens, a maioria deles na Bélgica e na Dinamarca.

Com 118 perguntas, o questionário abordou temas como masturbação, frequência de consumo de pornografia e atividade sexual com parceiros. Além disso, foram feitas perguntas para avaliar a saúde sexual e a função erétil dos participantes. O convite para participar foi anunciado em mídias sociais, pôsteres e folhetos. As respostas foram analisadas por pesquisadores belgas, dinamarqueses e britânicos, liderados pelo professor Gunter de Win, da Universidade da Antuérpia.

Problemas no sexo 

Os resultados revelam que os homens assistem, em média, cerca de 70 minutos de vídeos pornô por semana. Mas o tempo variou bastante na amostra, ou seja, alguns gastam apenas de 5 a 15 minutos, enquanto outros ficam diversas horas nas telas.

Cerca de 23% dos homens com menos de 35 anos que responderam à pesquisa apresentavam algum nível de disfunção erétil ao fazer sexo com um parceiro(a), uma proporção maior que a esperada. A análise também mostra que há uma relação significativa entre passar muito tempo vendo vídeos pornográficos e ter dificuldades de ereção ao transar com alguém de verdade.

Mas daí vêm alguns dados preocupantes: 90% dos homens avançam os vídeos para chegar logo nas cenas mais excitantes. E 20% consideram que precisam de cenas cada vez mais fortes para obter o mesmo nível de excitação de antes, um dado que revela uma espécie de dependência de pornografia.

O que isso pode significar? Que muitos homens têm problemas de ereção no sexo real por causa desse condicionamento à pornografia extrema. Por isso, os autores do estudo acreditam que médicos e pacientes com disfunção erétil devem começar a conversar sobre essa prática, tão comum entre os homens, no consultório.

Apesar de contar com um número alto de participantes, a amostra pode ser tendenciosa porque muitos deles a acessaram pela própria internet. Mas já existem algumas pesquisas que apontam para essa relação entre abuso de pornografia explícita e insatisfação com o sexo real, por isso é bom que homens e mulheres fiquem atentos.

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