De 1981 a 1997, o tempo investido para se ensinar letras e números a crianças de 3 a 5 anos aumentou 30%, segundo pesquisadores
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h37 - Atualizado às 23h55
Um estudo realizado por médicos da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, identificou uma possível correlação entre a prevalência de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a crescente demanda acadêmica a que as crianças vêm sendo submetidas.
Os pesquisadores analisaram as mudanças no padrão de ensino das escolas desde 1970 e cruzaram os dados com a expressiva elevação dos casos de TDAH nos últimos 40 anos. Eles dizem ter ficado surpresos com o aumento do tempo gasto em estudo e dos programas pré-escolares nos EUA.
De 1981 a 1997, o tempo investido para se ensinar letras e números a crianças de 3 a 5 anos aumentou 30%. O número de crianças inscritas em período integral aumentou de 17%, em 1970, para 58%, no ano 2000. E o tempo gasto por crianças de 6 a 8 anos com lição de casa passou de menos de uma hora para mais de duas horas por semana.
Os autores dizem que o TDAH é uma condição neurobiológica influenciada por comportamentos e demandas do ambiente. Eles acreditam que, como as atividades acadêmicas aumentaram e tempo de lazer e esporte diminuiu, algumas crianças não acompanham a nova jornada e acabam sendo diagnosticadas com o transtorno.
O estudo não prova a relação entre causa e efeito, por isso seriam necessárias mais pesquisas para comprovar a tese. Mas os pesquisadores acreditam que crianças mais novas devem ter mais períodos de ócio, interação social e uso da imaginação.