Pesquisadores descobriram que a ansiedade prejudica a capacidade de adaptação em imprevistos
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h25 - Atualizado às 23h56
Pessoas muito ansiosas têm mais dificuldade em administrar as incertezas da vida. A constatação foi comprovada por cientistas das universidades da Califórnia, nos EUA, e de Oxford, no Reino Unido.
Segundo o estudo, publicado na Nature Neuroscience, quem sofre com ansiedade tem uma espécie de falha no circuito de tomada de decisões do cérebro, que depende da assimilação de eventos passados para determinar como agir.
Segundo os pesquisadores, os mais ansiosos tendem a visualizar um futuro catastrófico e se prender a ele. É por isso que uma simples mudança de local de trabalho ou uma declaração mau-humorada do parceiro logo são vistos como uma ameaça ao emprego ou ao relacionamento, respectivamente, por quem é muito ansioso. Assim, a chance de tomar uma decisão precipitada é grande.
A principal autora do trabalho, Sonia Bishop, professora de psicologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e sua equipe usaram medidas comportamentais e fisiológicas, além de modelos computacionais, para avaliar as habilidades de tomar decisões de 31 jovens e adultos de meia idade. Eles também tiveram seu nível de ansiedade mensurado.
Os testes eram uma espécie de game de bang bang em que os participantes tinham que atirar em figuras que apareciam seguindo determinados padrões. De repente, a lógica mudava, e era preciso tomar decisões com base nos eventos passados para acertar. Ao atirar errado, as pessoas levavam um pequeno choque.
Durante os jogos, eles passaram por exames para detectar a dilatação na pupila, um indicador de que o cérebro liberou norepinefrina, substância que ajuda a enviar sinais para as regiões ligadas a vigilância e prontidão para agir.
Os mais ansiosos tiveram um desempenho pior nos games, além de apresentar pupilas menos dilatadas nas fases em que era preciso se adaptar às mudanças de informação para acertar os alvos. Ou seja: lidar com o imprevisível é bem mais difícil para eles.
Entender melhor como o cérebro dos ansiosos reage pode ser útil para, no futuro, ajudar as pessoas com o transtorno a lidar melhor com os problemas do dia a dia.