Estudo sugere que muitos executivos com cargos de liderança são psicopatas com altos níveis de inteligência
Jairo Bouer Publicado em 08/09/2014, às 16h18 - Atualizado em 14/10/2019, às 23h57
Um estudo feito no Reino Unido sugere que muitos executivos com cargos de liderança são psicopatas com altos níveis de QI (quociente de inteligência). Eles aprendem a mascarar certas características de personalidade, o que faz com que não tenham o transtorno antissocial identificado ao assumir as posições.
O trabalho, feito pela estudante de psicologia Carolyn Bate, da Universidade de Huddersfield, foi premiado e aceito para publicação no Journal of Forensic Psychiatry and Psychology, algo raro para uma graduanda.
Ela decidiu investigar o assunto depois de ler um estudo demostrando que, no mundo dos negócios, a incidência de psicopatia é de 3%, enquanto na população geral é de 1%.
De acordo com Bate, apesar do estigma ligado ao termo, é preciso esclarecer que há vários tipos de psicopatas. Nem todos eles são propensos a violência física, portanto nem todos cometem crimes e são presos.
A questão é que os psicopatas possuem déficits emocionais, ou seja, são manipuladores e não têm empatia, o que pode ter um efeito negativo não só para as pessoas que estão abaixo deles, mas até para a economia.
Para comprovar sua tese, a estudante contou com 50 pessoas, submetidas a uma série de testes, como o de QI e o que identifica sinais de psicopatia. A tendência foi comprovada com um teste que mede, com ajuda de eletrodos na pele, a resposta a imagens de crianças chorando, pessoas ameaçadas e cenas de desastres naturais, entre outras.
Enquanto psicopatas classificados como “fator um” exibem pouca ou nenhuma resposta emocional diante de imagens comoventes, os classificados como “fator dois” demonstram uma resposta aumentada às cenas, devido à excitação que elas provocam neles. Estes, sim, é que são mais agressivos, pois têm dificuldade de controlar os impulsos.
Os psicopatas “fator um” é que são os mais predispostos a se tornar gerentes de negócios, segundo a pesquisadora. Ela descobriu, ainda, que os classificados como “fator dois” apresentam níveis mais baixos de inteligência, o que reforça a tese de que o atributo é usado para mascarar a tendência à psicopatia. Mas há quem tenha QI suficiente até para falsificar a resposta emocional no teste.
Bate pondera se é preciso desenvolver novas formas de filtrar psicopatas nas empresas, uma vez que o mundo dos negócios muitas vezes busca pessoas com algum nível de frieza e crueldade. Você contrataria alguém assim?