Redação Publicado em 09/03/2021, às 17h00
Fumar demais aumenta o nível de inflamação no corpo e coloca pessoas com HIV em risco, segundo um estudo que acaba de ser publicado por pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst, nos EUA.
O trabalho encontrou uma associação significativa entre tempo de tabagismo, quantidade de cigarros consumidos por ano e o grau de inflamação em pessoas que vivem com o HIV. Isso significa que elas podem se beneficiar muito não apenas ao parar de fumar, mas também ao diminuir a quantidade de cigarros por dia.
Segundo os autores do estudo, esta é uma das primeiras análises mais aprofundadas de variáveis específicas relacionadas ao tabagismo e níveis de inflamação em indivíduos com HIV, levando em consideração o tratamento antirretroviral, entre outros fatores importantes.
A taxa de uso de tabaco em pessoas com HIV é de duas a três vezes maior que a da população geral. E aqueles que recebem o chamado "tratamento antirretroviral de alta eficácia" (que melhorou muito a saúde e qualidade de vida desses indivíduos) têm um risco maior de morrer por causa do tabagismo do que por fatores relacionados ao vírus. Daí a importância de se interromper o hábito, ou, quando isso não é possível, pelo menos reduzir o número de cigarros consumidos por dia.
Os pesquisadores entrevistaram 284 indivíduos com HIV do vale do Kathmandu, no Nepal. Todos fazem parte de um estudo coorte - um estudo observacional realizado com um conjunto de pessoas que compartilham uma característica ou experiência em comum - chamado Positive Living with HIV.
Os participantes receberam questionários que tinham como objetivo reunir detalhes sobre o tabagismo, histórico médico e outras informações relevantes, como a adesão ao tratamento antirretroviral. Além disso, a análise também envolveu o número de cigarros consumidos por dia (intesidade) e por quantos anos (duração do tabagismo).
A exposição ao tabaco ao longo da vida foi medida em "anos-maço", ou seja, a multiplicação da quantidade de maços fumados diariamente e o número de anos de tabagismo.
Para avaliar os níveis de inflamação, a equipe mediu a chamada proteína C-reativa (PCR), entre outros marcadores. Eles também levaram em conta variáveis importantes que poderiam interferir nos resultados, como deficiência de zinco, presença de hepatite C, adesão ao tratamento antirretroviral, depressão, histórico de uso de drogas injetáveis, carga viral e sintomas relacionados ao HIV.
Em todas as categorias acima, os estudiosos encontraram uma relação positiva entre tabagismo e inflamação. Entretanto, segundo os pesquisadores, essa constatação não significa que o tabaco pode ser considerado o causador das inflamações.
Uma proporção significativamente maior dos participantes com alta intensidade de tabagismo (número de cigarros fumados por dia) apresentou elevados níveis de concentração de PCR em comparação àqueles que fumam de forma menos intensa. O mesmo foi observado em relação ao tempo de tabagismo.
Ou seja: indivíduos com HIV que fumaram o maior número de maços por períodos mais longos apresentaram maior tendência a ter níveis altos de PCR quando comparados àqueles que fumaram por períodos mais curtos ou que fumaram menos cigarros.
Para a equipe, embora seja extremamente importante incentivar e apoiar esses indivíduos a parar de fumar, é ainda mais importante recomendar a redução da frequência até que consigam parar completamente. Essa conduta também pode fazer diferença no estado de saúde das pessoas que vivem com HIV.
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