A pesquisa sugere que sintomas mais intensos, como depressão e dores de cabeça, podem ser indicativo de alguma IST
Redação Publicado em 19/09/2018, às 19h12
A maioria das mulheres relata ter algum tipo de desconforto físico ou emocional nos dias que antecedem a menstruação, a famosa TPM (Tensão Pré-Menstrual). Nem sempre isso é valorizado, já que os médicos e as próprias pacientes entendem que é natural ter variações de humor e inchaço nessa fase.
Mas uma pesquisa da Universidade de Oxford sugere que sintomas mais intensos na fase pré-menstrual, como depressão e dores de cabeça, podem ser um indicativo de alguma infecção sexualmente transmissível (IST) não diagnosticada e tratada. Isso mesmo.
O trabalho foi feito em parceria com um aplicativo para celular destinado a ajudar mulheres a identificar a fase fértil e o padrão de sangramentos. Um total de 865 usuárias do serviço concedeu informações sobre diagnósticos de ISTs, que foram cruzadas com dados sobre o ciclo menstrual, dores, uso de contraceptivos e impacto emocional dos sintomas pré-menstruais das participantes.
Os pesquisadores descobriram que a presença de infecções como clamídia, herpes e HPV dobrou a probabilidade de as usuárias relatarem sintomas negativos na TPM, como cólicas, dores de cabeça e sintomas depressivos. E o tratamento das infecções foi associado à redução de intensidade das queixas. Os resultados foram publicados na revista médica Evolution Medicine & Public Health.
Apesar de ser reconhecido como obstáculo para a vida social e produtiva da mulher, a TPM não costuma ser reconhecida como um problema de saúde física. Para os autores, coordenados pela pesquisadora Alexandra Alvergne, no Reino Unido, isso deveria mudar.
Muitas infecções transmitidas sexualmente são assintomáticas, e mesmo assim podem levar a problemas de fertilidade e doença inflamatória pélvica. Se outras pesquisas confirmarem que existe mesmo uma relação entre essas infecções e uma TPM mais pronunciada, talvez as mulheres e os próprios médicos passem a dar mais atenção para o transtorno. Mas, claro, essa associação ainda precisa ser comprovada em outros estudos.
A equipe de Oxford também realizou uma revisão da literatura, publicada no periódico Trend & Ecology & Evolution, mostrando que a gravidade de doenças inflamatórias crônicas e o risco de infecções dependem muito da fase do ciclo menstrual em que a mulher está. É que a imunidade feminina tem padrões cíclicos, algo que tem como propósito ajudar na fertilização e desenvolvimento do embrião.
Muitos pesquisadores têm sugerido que existe uma ligação entre sintomas depressivos e inflamação, e ambos os estudos da universidade britânica reforçam esse conceito. Descobertas futuras talvez ajudem resultem em tratamentos mais eficazes para doenças inflamatórias em mulheres, por exemplo, bem como para depressão e TPM.
De qualquer forma, se a TPM atrapalha o seu bem-estar e seu trabalho, não deixe de procurar um médico. Uso de antidepressivos, prática de atividades físicas e outras abordagens podem melhorar bastante a qualidade de vida nos períodos que antecedem a menstruação.