Além disso, elas demoram cerca de doze horas a mais do que os homens para buscar ajuda médica
Redação Publicado em 14/03/2021, às 09h00
Segundo um estudo apresentado no congresso científico online da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), a dor no peito costuma ser diagnosticada de forma incorreta com maior frequência em mulheres do que em homens. Além disso, elas esperam cerca de 12 horas a mais que eles para buscar ajuda médica quando experienciam esse sintoma.
Uma das responsáveis pelo estudo, Gemma Martinez-Nadal, do Hospital Clinic of Barcelona, na Espanha, contou que há uma diferença de gênero entre as avaliações de dor no peito. Os médicos costumam subestimar o ataque cardíaco em mulheres, o que é perigoso, pois leva a maiores riscos de diagnóstico tardio e incorreto.
Para avaliar essa afirmação, o estudo examinou as diferenças de gênero na apresentação, diagnóstico e tratamento de pacientes admitidos com dor no peito, em um determinado departamento de emergência, entre 2008 e 2019. As informações foram coletadas levando-se em consideração os fatores de risco para um ataque cardíaco, como hipertensão e obesidade. Os pesquisadores registraram o diagnóstico inicial do médico após a primeira avaliação de cada paciente, que é baseada na história clínica, exame físico e eletrocardiograma. Outros exames, como os de sangue, só ocorrem numa segunda etapa.
Foram incluídos 41.828 pacientes com dor torácica, dos quais 42% eram mulheres. A idade média das mulheres era 65 anos, e a dos homens, 59 anos. As mulheres eram significativamente mais propensas a chegar tarde ao hospital, o que foi definido, no estudo, como esperar 12 horas ou mais após o início dos sintomas. Esse atraso para procurar ajuda médica ocorreu em 41% das mulheres, em comparação com 37% dos homens.
"Isso é preocupante, pois a dor no peito é o principal sintoma da redução do fluxo sanguíneo para o coração (isquemia) porque uma artéria se estreitou", disse Martinez-Nadal. "Isso pode levar a um infarto do miocárdio, que precisa de tratamento rápido."
No diagnóstico inicial do médico, a síndrome coronariana aguda (sinais e sintomas da obstrução de uma artéria) tinha maior probabilidade de ser considerada como a causa da dor torácica nos homens do que nas mulheres. Em 93% dos pacientes, o eletrocardiograma não forneceu um diagnóstico definitivo. Nesses pacientes, o médico observou provável síndrome coronariana aguda (SCA) em 42% dos casos - 39% das mulheres e 44,5% dos homens. A suspeita significativamente menor entre as mulheres foi mantida apesar da presença de fatores de risco ou de dor torácica típica.
Martinez-Nadal explica que agravantes como hipertensão e tabagismo deveriam incutir uma maior suspeita de possível isquemia em pacientes com dor no peito. Mas a equipe observou que até mulheres com esses fatores de risco ainda tinham menor probabilidade que os homens de serem classificadas como pacientes com "provável isquemia".
Nas mulheres, 5% das síndromes foram inicialmente mal diagnosticadas, enquanto nos homens isso ocorreu em 3% dos casos. Após análise, o sexo feminino foi um fator de risco independente para uma impressão inicial de que não se tratava de síndrome coronariana aguda.
A médica concluiu a pesquisa com o seguinte alerta: "O ataque cardíaco é tradicionalmente considerado uma doença masculina e tem sido pouco estudado em mulheres, que podem atribuir os sintomas ao estresse ou ansiedade. Mulheres e homens com dor no peito devem procurar ajuda médica urgentemente."
Pandemia aumentou desigualdades de gênero dentro de casa, diz pesquisa
Estudo sugere relação entre ataque cardíaco e estresse a longo prazo
Médica trans é nomeada por Biden para ajudar no combate à Covid-19
Tenho sopro no coração e ejaculo rápido demais. Os dois estão relacionados?