Estudos contrariam ideia de que beber um pouco faz bem ao coração

Duas pesquisas recentes mostram que, mesmo em doses moderadas, o álcool pode aumentar o risco de doenças

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h16 - Atualizado às 23h57

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Duas pesquisas recentes contrariam a ideia de que beber moderadamente faz bem ao coração. De acordo com eles, consumir duas taças de vinho por dia, algo que é até recomendado por alguns médicos, pode ser prejudicial à saúde.

Um dos trabalhos, publicado no British Medical Journal, mostrou que beber menos reduz o risco de doenças do coração e diminui a pressão arterial. Segundo o autor do estudo, o professor Juan Casas, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, no Reino Unido, ainda que uma pessoa beba pouco ela pode ter benefícios se diminuir a quantidade consumida.

A equipe avaliou estudos que envolvem dados de 260 mil pessoas. Como muita gente não conta para médicos ou cientistas quanto bebeu de verdade, o grupo resolveu se concentrar naqueles que, por razões biológicas, não conseguem exagerar no álcool. Essas pessoas, que representam 7% da população, possuem uma variante genética que gera sensibilidade à bebida. Pelos resultados, essa população tem 10% menos risco de sofrer do coração.

O segundo estudo, publicado nesta segunda-feira (14) pelo Journal of American College of Cardiology, revela que, mesmo com moderação, o consumo de vinho e bebidas destiladas pode ser um risco para fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca que pode resultar em acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.

Pesquisadores suecos estudaram mais de 79 mil adultos, com idades entre 45 e 83 anos, que foram acompanhados por 12 anos. Foram encontrados mais de 7 mil casos de fibrilação atrial. A análise mostrou que o risco do problema aumentou 8% a cada drinque adicional por dia.

A pesquisa, no entanto, não identificou um risco semelhante para o consumo moderado de cerveja. Segundo a autora principal, Susanna Larsson, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, não há explicação para isso. Mas ela supõe que o motivo esteja na frequência do consumo. Se a pessoa beber quantidades maiores em poucos dias da semana o risco de fibrilação atrial é maior do que se ela beber um pouco todos os dias. Ela também observa que mais estudos são necessários para estabelecer a relação entre o problema e o consumo de álcool.

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