Redação Publicado em 16/04/2022, às 11h00
A FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos, equivalente à Anvisa, aprovou um adesivo de pele semanal usado para tratar os sintomas da demência relacionada à doença de Alzheimer. O tratamento é uma formulação em adesivo do medicamento oral donepezil, que está disponível há muitos anos e é um dos medicamentos mais prescritos para pacientes com a doença.
O novo medicamento, que por lá será vendido sob a marca Adlarity, não é o primeiro adesivo de pele aprovado para a doença de Alzheimer, mas é o primeiro a ser administrado uma vez por semana. Espera-se que este regime beneficie certos pacientes. Os médicos acreditam que esta nova opção seja melhor para aqueles que precisam se lembrar de tomar medicamentos ou para aqueles que se recusam a ingerir remédios, por exemplo.
Outra vantagem do patch é ter potencialmente menos efeitos colaterais. As reações adversas mais comuns ao donepezil oral são problemas gastrointestinais, como náuseas e diarreia. Esses não devem ser completamente eliminados, pois são causados diretamente pelo mecanismo de ação da droga. Porém, eles provavelmente serão menos graves com o adesivo de pele em comparação com a formulação oral.
O adesivo pode ser colocado diretamente nas costas, nas coxas ou nas nádegas e fornece uma dose contínua e consistente de donepezil através da pele. Uma vez no corpo, a versão transdérmica funciona de forma semelhante à formulação oral do medicamento.
O que o donepezil faz, como costumo dizer aos pacientes e suas famílias, é que ele funciona para manter a acetilcolina - uma molécula que todos nós temos em nossos cérebros - por mais tempo para ajudar na atenção e na memória. Mas certamente não é uma cura para a doença de Alzheimer ou outros tipos de demência", disse a geriatra Mia Yang, professora assistente da Atrium Health Wake Forest Baptist, na Carolina do Norte, e pesquisadora do Wake Forest Alzheimer's Disease Research Center à Health.
A acetilcolina é um neurotransmissor que desempenha um papel importante na memória e no pensamento. Pacientes com doença de Alzheimer geralmente têm menos dessa molécula do que o normal. O donepezil atua inibindo a colinesterase, enzima que degrada a acetilcolina, visando preservar o nível desse neurotransmissor no paciente.
Como o donepezil não tem como alvo nada específico para a doença de Alzheimer (todos temos acetilcolina em nossos cérebros), espera-se que funcione para outros tipos de demência também. A única exceção é a demência frontotemporal (DFT). Donepezil foi estudado em ensaios clínicos randomizados duplo-cegos em pacientes com DFT e não ajuda, na verdade piora o comportamento.
De acordo com o fabricante, o novo patch estará disponível comercialmente no início do outono de 2022, por volta de setembro, nos Estados Unidos. Mas os médicos estão céticos de que o novo produto seja coberto pelo seguro de saúde de lá, com base em experiências anteriores.
A rivastigmina, por exemplo, é um medicamento da mesma classe do donepezil que já está disponível como adesivo cutâneo (a diferença é que deve ser aplicado uma vez ao dia, em vez de uma vez por semana). "Normalmente, é bastante difícil conseguir que as pessoas sejam aprovadas pela companhia de seguros para obterem o adesivo de rivastigmina", afirma a médica.
Aqui no Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) disponibilizou o adesivo de rivastigmina como forma de tratamento do Alzheimer. Agora fica a expectativa para saber se este novo formato do donepezil também chegará por aqui e se também estará disponível gratuitamente.
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