A expectativa de vida nos EUA caiu mais uma vez no ano passado, segundo pesquisa publicada nesta segunda-feira pelo periódico Jama Internal Medicine. O país tinha uma expectativa média de 78,8 em 2019, que passou para 76,1, em 2022. No Brasil, a média é de 77 anos, segundo dados do IBGE relativos a 2021. Já países como China, Japão, Coreia, Turquia, Portugal, Reino Unido e Itália, as médias estão acima dos 78 anos.
Segundo os pesquisadores, das Universidades de Harvard, de Boston e da Califórnia, a situação nos EUA é ainda mais preocupante para os homens, que ficaram com uma expectativa de vida de 73,2 anos, em comparação com 79,1 anos das mulheres. Essa diferença de 5,8 anos é a mais distante entre os dois gêneros desde 1996, segundo reportagem publicada no site de notícias médicas Stat News.
Em todo o mundo, as mulheres tendem a viver mais do que os homens, já que eles costumam ser mais vulneráveis a doenças crônicas, além de demorar muito mais para buscar ajuda médica – algo que costumamos destacar neste Novembro Azul, uma campanha que chama atenção dos homens para os cuidados com a saúde.
Mas o que mais preocupa os especialistas norte-americanos é que, além da Covid-19, a queda na longevidade dos homens têm muito a ver com a epidemia de opioides, o suicídio e o aumento das doenças metabólicas crônicas, também ligadas à obesidade e ao consumo de álcool.
Os pesquisadores observam que muitos desses deflagradores de uma piora na expectativa de vida norte-americana são causas evitáveis de morte. E se o sistema de saúde daquele país envolve tratamentos avançados para muitas doenças, há uma enorme lacuna quando se trata de cuidados preventivos.
Nos anos que antecederam 2010, a tendência era de alta, graças, em parte, a campanhas contra o fumo, que levaram ao aumento da longevidade e à redução da diferença entre homens e mulheres na expectativa de vida. Porém, com o agravamento da saúde mental da população e a crise dos opioides, as esperanças de viver cada vez mais foram interrompidas.
Assim como Brasil, normais socioculturais têm uma forte influência sobre esse cenário. A pressão para driblar o cansaço, a doença e o sofrimento, porque homens "não podem" demonstrar fraqueza, é o que torna a população masculina mais vulnerável a morrer de forma prematura.
A pesquisa atual não fornece insights sobre diferenças raciais e étnicas, algo que a equipe espera se aprofundar no futuro. Mas os autores observam que, segundo outros estudos, as diferenças entre homens e mulheres é muito maior para os afro-americanos do que para os brancos. Até 2022, a expectativa de vida para homens afro-americanos era de 61,5 anos, quase oito anos menor do que para mulheres afro-americanas.
Existem alguns serviços muito bacanas com os quais você pode contar caso precise de ajuda. Um deles é o CVV (Centro de Valorização à Vida), que você pode acessar ligando no 188 ou pelo site (cvv.org.br). Inclusive há um chat que pode ser usado para se conectar com alguém.
Outro site que oferece esse tipo de serviço é o Mapa da Saúde Mental (mapasaudemental.com.br), com várias opções de ajuda.
Você também pode buscar auxílio profissional dos CAPS, nas Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde), ou no setor de psiquiatria dos hospitais.
Se você suspeitar de uma emergência, não hesite: ligue para o SAMU (192), ou procure um serviço de emergência (em pronto-socorros, hospitais ou numa UPA 24H).
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin