Redação Publicado em 22/07/2021, às 14h30
Uma nova pesquisa divulgada esta semana nos Estados Unidos confirma que a pandemia do novo coronavírus teve uma grande influência na redução da expectativa de vida em um ano e meio. É o nível mais baixo de expectativa de vida desde 2003 e o maior declínio em um ano desde a Segunda Guerra Mundial, afirmaram os pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (NCHS). Eles advertem que um ano e meio pode não parecer muito, mas é.
Os autores do estudo alegam que este é um declínio muito grande e apontam que a população foi realmente muito afetada. Na verdade, a expectativa de vida geral diminuiu de quase 79 anos em 2019 para cerca de 77 em 2020. Não apenas isso, mas a diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres cresceu para quase seis anos durante a pandemia. Entre 2000 e 2010, a diferença diminuiu para pouco menos de cinco anos, observaram.
A queda na expectativa de vida deveu-se principalmente às mortes por Covid-19, que responderam por 74% do declínio. Já cerca de 11% foi devido a mais mortes por acidentes e lesões não intencionais. Overdoses de drogas foram responsáveis por mais de um terço de todas as mortes por lesões não intencionais. As mortes por overdose atingiram um recorde histórico em 2020, em mais de 93.000, relatou o NCHS.
Os assassinatos foram responsáveis por cerca de 3% da queda na expectativa de vida. Diabetes foi responsável por 2,5% e doenças hepáticas por pouco mais de 2%, descobriram os pesquisadores. Eles acreditam que a queda na expectativa de vida continue por algum tempo. Se a Covid-19 fosse eliminada completamente, o padrão de mortalidade como o de 2019 poderia ser retomado. Porém, pode ser o caso de a pandemia ter efeitos indiretos que eles ainda não viram.
Como exemplo, citam as pessoas que faltaram a consultas e exames que poderiam diagnosticar doenças e que, descobertas mais tarde, e em estágios mais avançados, também implicariam em mais mortes. Assim, é possível não voltar aos níveis anteriores, mesmo que o mundo se livre da Covid-19.
Especialistas estadunidenses comentaram o estudo afirmando que o país teria menos mortes de Covid-19 se tivesse respondido de uma maneira mais eficaz no início, se houvesse uma liderança nacional mais eficaz em saúde pública, além de testes e rastreamento de contato muito mais agressivos. Ainda existiria uma pandemia, ainda teria sido ruim, mas não tão ruim quanto foi.
Vacinar as pessoas contra a Covid-19 é essencial, mas não é a resposta total para melhorar a expectativa de vida, afirmam os autores do estudo. Isso porque não se trata apenas da Covid-19, mas de doenças cardíacas, pulmonares e câncer, entre muitas outras. Além disso, para eles, não há certeza de que o país aprendeu a lição sobre pandemias.
Eles advertem que outra está por vir:
"A lição errada disso não é que esta seja 'a pandemia de 100 anos' e não veremos outra por 100 anos - não, não, não, não, não. Tivemos muitos outros 'quase acidentes', como Sars, a varíola dos macacos, o vírus do Nilo Ocidental, dengue, zika, ebola, todos com potencial pandêmico. Estamos apenas a uma mutação, a uma viagem de avião de algo muito, muito ruim" - afirmaram os autores do estudo.
Por aqui, não está sendo muito diferente. De acordo com a pesquisa Reduction in Life Expectancy in Brazil after Covid-19 (Redução da expectativa de vida no Brasil após Covid-19), o número de mortes pelo vírus fez a vida estimada da população brasileira cair de 76,74 anos para 74,96. A maior redução de idade, absoluta e relativa, entre os estados foi estimada para o Amazonas, com uma queda de 3,46 anos, seguido pelo Amapá (3,18 anos) e pelo Pará (2,71 anos).
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