Segundo estudo, a quantidade de horas gastas e ser do sexo masculino também contribuem
Redação Publicado em 31/03/2021, às 15h29
Plataformas de mídias sociais como o Instagram, Twitter e TikTok continuam a crescer em popularidade e, consequentemente, cada vez mais os adolescentes gastam grande parte do seu tempo online navegando por um mundo virtual bem complexo.
Nesse contexto, uma pesquisa da Universidade da Geórgia (Estados Unidos) revelou que o aumento das horas dos jovens frente às telas pode estar associado diretamente a comportamentos de cyberbullying. De acordo com o estudo, usar excessivamente as redes sociais, passar muitas horas na internet e ser do sexo masculino foram associados à prática entre os adolescentes.
O cyberbullying é a prática de agressão moral através dos ambientes virtuais, como redes sociais, emails e aplicativos de mensagem. Essa ação pode assumir diversas formas, incluindo ataques pessoais, assédios, comportamentos discriminatórios, exclusão social e disseminação de informações difamatórias ou privadas.
Para os pesquisadores, as pessoas realizam o cyberbullying pelo anonimato e por saber que não há nenhum tipo de punição. No caso específico dos adolescentes, eles ainda estão em processo de desenvolvimento e, mesmo assim, são introduzidos a uma tecnologia que oferece acesso à audiência mundial e é esperado que façam boas escolhas.
A equipe entrevistou 428 adolescentes com idades entre 13 e 19 anos. Do total de entrevistados, 214 (50%) foram identificados como do sexo feminino, 210 (49,1%), do sexo masculino, e quatro (0,9%), como "outros".
Os resultados do estudo revelam que os jovens que utilizam as mídias sociais em excesso estão mais propensos a se envolver com o cyberbullying, assim como aqueles que passam mais tempo online. Segundo os participantes, são gastos, em média, mais de sete horas por dia em frente às telas e a média máxima em um único dia foi superior a 12 horas.
O estudo também revelou que os jovens do sexo masculino são mais propensos a se envolverem com cyberbullying em comparação às mulheres. O resultado se alinha ao de estudos anteriores que mostram que comportamentos agressivos tendem a ser mais motivados pelos homens.
Quando os adolescentes estão online, eles adotam normas sociais diferentes de quando estão interagindo pessoalmente com seus pares. No mundo virtual, eles são mais agressivos e críticos devido ao anonimato e a falta de punição.
Além disso, jovens que praticam cyberbullying tendem a ser menos empáticos e a sentir menos remorso, já que não conseguem ver diretamente os impactos de suas ações. Segundo os pesquisadores, o fato de esses adolescentes não terem a chance de observar o quão prejudicial é o bullying não permite que aprendam com os erros e mudem o comportamento.
Os pesquisadores explicam que adolescentes “viciados” em redes sociais são pessoas que anseiam por isso mesmo sabendo das consequências negativas provocadas pelo hábito. Ou seja, muitos podem passar o dia cansados porque ficam a noite inteira em frente à tela, enfrentam conflitos com os pais, tiram notas ruins na escola ou se envolvem em ações online das quais se arrependem depois, o que não os impede de permanecer nas mídias sociais.
Essas plataformas são projetadas para dar às pessoas um estímulo à dopamina - neurotransmissor envolvido na sensação de prazer - o que pode despertar compulsão em muita gente. O cyberbullying alimenta esse comportamento e é visto como uma maneira de obter mais curtidas, compartilhamentos e comentários.
Segundo os pesquisadores, esses adolescentes começam a confiar em uma prática considerada recompensadora para se sentir melhor quando estão experimentam emoções negativas.
De acordo com os autores, nem todos têm conhecimento sobre a existência do cyberbullying até que algum incidente ocorra. Sendo assim, seria importante as escolas começarem a educar os alunos sobre a prática e o uso das redes sociais em excesso como um método preventivo.
Seja por meio de uma campanha de conscientização ou através de grupos de apoio, as instituições podem ajudar os alunos a debater mais sobre o assunto e dar melhores chances de entenderem as consequências desse comportamento e de suas ações.
É importante ensiná-los quais os sinais de alerta sobre alguma prática considerada viciante. Para os pesquisadores, os adolescentes não estão apenas se descobrindo no mundo offline, mas também tentando entender quem eles querem ser no online.
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