Redação Publicado em 14/05/2021, às 14h44
Uma nova pesquisa da Universidade Federal de Ural (Rússia) mostrou que a prática da yoga e de exercícios de respiração tem um efeito positivo em crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Os resultados revelaram que, após algumas aulas, os pequenos melhoraram a atenção, diminuíram a hiperatividade, não ficaram cansados por um longo período e puderam se envolver em atividades complexas por mais tempo.
A pesquisa, publicada na revista Biological Psychiatry, tinha como objetivo analisar o impacto dos exercícios nas funções associadas à regulação e ao controle de 16 crianças com TDAH com idades entre seis e sete anos.
Segundo os pesquisadores, para crianças com o transtorno, via de regra, a parte do cérebro responsável pela regulação da atividade cerebral – chamada de formação reticular – é deficiente. Por isso, muitas vezes elas acabam experimentando estados de hiperatividade inadequados, maior distração e exaustão, além das funções de regulação e controle sofrerem uma segunda vez.
Para a pesquisa, foi utilizado um exercício especial de respiração baseado no desenvolvimento da profunda diafragmática rítmica – respiração da barriga. De acordo com os autores, esse método ajuda a fornecer melhor oxigênio ao cérebro e auxilia a formação reticular a lidar de forma mais proveitosa com seu papel. Quando ela recebe oxigênio suficiente, começa a regular melhor o estado de atividade da criança.
Além dos exercícios de respiração, também foram usadas técnicas orientadas para o corpo e atividades com estados de “tensão-relaxamento”, como é o caso da prática da yoga. Todos os treinamentos foram feitos três vezes por semana ao longo de três meses.
Os pesquisadores explicaram que o exercício tem um efeito imediado, mas também traz impacto em longo prazo. A atividade promove benefícios sobre as funções de regulação e controle em crianças com TDAH mesmo um ano após o fim da prática.
Esse impacto de longa duração é explicado pelo ato de respirar: quando a respiração correta da criança é automatizada, ela torna-se uma espécie de assistente que permite um maior e melhor fornecimento de oxigênio ao cérebro que, por sua vez, tem um efeito benéfico no comportamento e na psique dessas crianças.
Apesar de ser um estudo piloto, a análise já mostrou o quanto esse tipo de abordagem pode auxiliar os pequenos que convivem com o transtorno. Porém, mais pesquisas precisam ser feitas envolvendo esse grupo, levando em conta outros fatores importantes, como sexo, idade, gravidade do quadro e problemas concomitantes.